Abraão Vicente afirma que a restruturação da RTC custará cerca de 400 mil contos

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O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas (MCIC) , Abraão Vicente, também tutela da Comunicação Social, afirmou ontem no Parlamento que o Estado vai precisar de 4 milhões de Euros (cerca de 400 mil contos) para fazer a restruturação da Rádio Televisão Cabo-verdiana.

Segundo o ministro, neste momento a RTC é uma empresa falida que não consegue arcar com as suas despesas. Isto porque do montante que recebe do Estado 80 (%) por cento vão para os salários dos funcionários e 20 por % para as despesas correntes e não consegue produzir conteúdos com qualidade.

Por isso, o ministro avançou que já se está a mobilizar fundos para dar prosseguimento a uma restruturação profunda da empresa que reúne actualmente cerca de 300 trabalhadores e detém apenas um canal e duas rádios, enquanto a SIC em Portugal que também tem 300 trabalhadores detém sete canais.

“Isso não significa que vai haver despedimentos, isso não significa que as pessoas vão ser corridas do trabalho. Nós é que temos que perguntar que empresa pública queremos para Cabo Verde. O debate aqui tem que ser feito com toda a Nação cabo-verdiana. Trata-se de um processo de uma reforma profunda”, destacou o ministro.

Realçou, no entanto, que o que está em causa é saber se os cabo-verdianos estão satisfeitos com o nível de serviço público prestado pela comunicação social, financiado pelos impostos dos contribuintes. “A partir daí é que se tem que tomar as medidas…”, enfatizou.

Em reacção à exposição do ministro, o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Sanches afirmou que quem tutela a comunicação social é Abraão Vicente, razão por que gostaria de questionar-lhe se Governo está disponível em mandar fazer um estudo para averiguar sobre os conteúdos, e se os cabo-verdianos estão satisfeitos com os mesmos.

“Fala com os profissionais da RTC para os informar o que é que o Governo pretende transmitir-lhes, o que é que o Governo pretende fazer com a comunicação social, e não devolva a pergunta à oposição”, sugeriu o deputado do PAICV lembrando também que o sector privado carece de apoios porque está moribundo.

Por seu turno, o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e democrática (UCID) António Monteiro, questionou, a esse respeito, se os trabalhadores da RTC deram o seu contributo no estudo feito à empresa para a referida reestruturação.

“É que não tendo uma participação dos homens e das mulheres da comunicação social nesta reforma profunda que o Estado quer fazer, pensamos que se está a trazer um pacote que provavelmente não irá ajudar em nada o sector”, criticou António Monteiro reforçando também que os privados ficaram longe daquilo que o Governo quer para a comunicação social.

Para responder às questões que lhe foram colocadas, Abraão Vicente explicou que assinou um protocolo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) para fazer um estudo sobre a apreciação dos cabo-verdianos sobre os conteúdos transmitidos pela RTC.

No entanto, referiu que não se trata de “um estudo encomendado”, mas sim de um estudo elaborado pelos técnicos do INE.

Sobre os questionamentos da oposição se se chegou a auscultar os trabalhadores da RTC sobre o projecto de reestruturação, o ministro garantiu que houve uma comissão interna composta por oito jornalistas que esteve reunida com os técnicos e com os consultores internacionais e que fizeram parte de todo o processo de construção do estudo de consultoria para a reestruturação.

Na ocasião, anunciou ainda que no quadro da legislação sobre os direitos autorais, aprovados recentemente, que a RTC será “proibida terminantemente” de passar na antena qualquer conteúdo pirata, pelo que o Estado tem que investir para capacitar os profissionais e criar conteúdos.

Entretanto, para justificar o alcance desta medida, explicou que a RTC vai pela primeira vez participar este ano numa feira internacional para comprar conteúdos.

Por: Inforpress