A África subsaariana apresenta piores emissores de dívida soberana do que em 2021. A pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia são fatores que contribuem para a deterioração das contas públicas.

A agência de notação financeira Fitch Ratings considera que a África subsaariana é, a par da Europa de Leste, a única região onde os emissores de dívida soberana estão, este ano, pior que em 2021.

“A Europa emergente e a África subsaariana são as únicas duas regiões com perspetivas de evolução do setor soberano a deteriorarem-se, indicando que consideramos que as condições subjacentes são agora piores do que em 2021”, escrevem os analista da Fitch Ratings.

Na nota sobre a evolução do setor dos emissores de dívida soberana, ou seja, os países, a Fitch Ratings anuncia que mudou a perspetiva de evolução do setor de “melhorando” para “neutro”, já que “o impacto da guerra na Ucrânia e as consequentes sanções, os riscos geopolíticos sobre os fluxos de capital e comércio, para além do crescimento económico e da inflação, não vão ser resolvidos no segundo semestre deste ano”.

A Fitch publica a meio de cada um ano um relatório sobre a perspetiva de evolução de cada setor, que é uma avaliação virada para o futuro sobre as condições subjacentes face ao ano anterior, explicam os analistas.

Muitos países da África subsaariana continuam a lidar com a deterioração das contas públicas em resultado da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia, num contexto de níveis elevados de dívida pública”, comentou o diretor do departamento de análise dos ‘ratings’ para o Médio Oriente e África, Toby Iles.

“A escala e a credibilidade dos planos de consolidação orçamental serão um fator determinante para a diferenciação do ‘rating’ dos países com elevados níveis de dívida”, acrescentou.

Entre os principais fatores a que a Fitch Ratings vai estar atenta na análise da qualidade do crédito soberano dos países da África subsaariana está a baixa taxa de vacinação nestes países, a dependência da despesa em investimentos públicos como motor principal do crescimento económico e a elevada dívida governamental.

Por: Lusa