Agências de viagens de Cabo Verde afectadas por suspensão de voos para Itália

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O presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo cabo-verdiano (AAVTCV) disse hoje que o Governo “esteve bem” ao suspender os voos para Itália por causa do coronavírus, mas afirmou que isso abala as contas das empresas.

“O nosso Governo esteve bem na medida de restrição temporária dos voos de e para Itália”, considerou Mário Sanches, em declarações à agência Lusa, para quem o ambiente de incertezas e de algum pânico generalizado em relação à doença acabam por afectar os negócios.

“Enquanto se mantiver esse pico da propagação do Covid-19 pelo mundo, as agências de viagens viverão momentos de indefinição em relação ao futuro. Ainda no caso de Cabo Verde, a restrição dos voos de e para Itália acaba por abalar, naturalmente, a dinâmica e contas das empresas ligadas ao turismo e às viagens”, sublinhou o líder associativo.

Mário Sanches referiu que se registavam sete voos semanais na rota Itália/Cabo Verde, que é um dos maiores mercados emissores de turistas para destinos como Sal e Boa Vista, onde há alguns hotéis no Sal que trabalham maioritariamente com turistas provenientes desse país europeu.

“Esperemos e torcemos para que brevemente a situação possa ser controlada e o mais importante é que o país seja capaz de evitar casos da doença ou, no máximo, de que ela se venha a alastrar como estamos a ver em outras paragens”, prosseguiu.

Quanto à eventualidade de alargamento dessa restrição a esse país e a outros possíveis destinos, o presidente disse que isso exige “uma reflexão profunda e aturada” da evolução da doença a nível global e deverá envolver todas as entidades do sector do turismo e não só.

“Aliás, é a própria OMS a alertar e a desencorajar medidas de restrição de viagens, afirmando que ‘as restrições à circulação de pessoas e bens durante uma emergência de saúde pública internacional podem ser ineficazes, perturbar a distribuição de ajuda e ter efeitos negativos na economia dos países atingidos’”, contextualizou Sanches.

O presidente, sublinhando que o novo coronavírus já é um problema de dimensão planetária, em que os últimos dados apontam para pelo menos 46 países com casos já confirmados da doença e alguns com números alarmantes.

E muitos desses países com o qual Cabo Verde tem relações directas, sobretudo ao nível do turismo que é a principal actividade económica do país.

Neste sentido, pediu a contribuição dos cidadãos e disse que o país deve estar preparado para “dar respostas com eficiência e eficácia”, caso haja essa necessidade.

O presidente da AAVTCV mostrou-se ainda preocupado com a doença, não só para a sustentabilidade do sector, mas, e sobretudo, para a saúde e segurança de todos.

“Estamos face a uma situação potencial e altamente desestabilizadora para os negócios das viagens por todo o lado e Cabo Verde não foge à regra”, disse o dirigente cabo-verdiano.

A epidemia de Covid-19, que pode causar infecções graves respiratórias como pneumonia, causou até à data mais de 3.100 mortos e infectou mais de 90.300 pessoas em cerca de 70 países e territórios.

Das pessoas infectadas, mais de metade já recuperaram.

Além de 2.981 mortos na China continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Iraque, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco “muito elevado”.

Por: Lusa