A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (Ajoc) posicionou-se hoje em favor do jornalista Carlos Santos e reage à acusação do Movimento para a Democracia (MpD) como tentativa de “intimidação e condicionamento” da liberdade de imprensa.

Em comunicado emitido hoje, a Ajoc estranha a situação que põe em causa a integridade profissional de Carlos Santos, jornalista da Rádio de Cabo Verde (RCV), relativamente à sua conduta na rubrica “Café Central” do programa “Bom dia Cabo Verde” daquela estação emissora.

O “timing” escolhido para a apresentação da queixa, na semana em que se comemora a democracia e liberdade, preocupa o sindicato, que acredita que seja uma situação de tentativa de “intimidação e condicionamento” da liberdade de imprensa.

“A imprensa cabo-verdiana, que é também uma conquista democrática do 13 de Janeiro, não pode ser colocada em xeque por críticas infundadas ou motivadas politicamente. Não podemos tolerar retrocessos nesta matéria, quando todos somos cientes das perseguições sofridas pela comunicação no passado bem recente”, lê-se no comunicado, em que a Ajoc informa estar atenta a qualquer tentativa de censura ou coação contra profissionais da comunicação social.

Desta forma, considera que estão em causa os princípios essenciais para o fortalecimento da democracia no país. 

“Face a esta situação estranha, gostaríamos de esclarecer que o exercício do jornalismo, seja nos órgãos públicos, como privados, exige a pluralidade de opiniões, assim como a isenção e o espaço para o exercício do contraditório”, considerou a mesma fonte.

De acordo com o mesmo comunicado, a Ajoc está firme que a rubrica “Café Central”, pela sua própria natureza, tem promovido ao longo dos tempos debates e reflexões em torno de temas de interesse público, sendo os convidados pessoas com “diferentes visões”. 

“Por isso, acreditamos que criticar a escolha dos convidados ou o tom dos debates, sem no mínimo apresentar evidências concretas de parcialidade, demonstra uma incompreensão da prática jornalística e do princípio do contraditório”, sublinhou a Ajoc no comunicado, que apontou haver “ausência de provas objectivas” que demonstram a “falta de rigor” e “sínteses enviesadas” da denúncia.

Embora acredite que o assunto não tenha “pernas para andar”, reconhece que qualquer preocupação legítima com a conduta jornalística deve ser encaminhada às instâncias apropriadas, como a Autoridade Reguladora da Comunicação Social (ARC), para avaliação imparcial e fundamentada. 

O jornalista Carlos Santos, que foi presidente da mesma associação sindical, está a ser acusado pelo MpD de “falta de isenção” no comando da rubrica “Café Central”, com alegações que o mesmo usa o espaço para “atacar” o Governo e o partido que o sustenta.

Por: Inforpress