Mais uma vez o actual Governo de Cabo Verde e os jornalistas voltam a entrar em conflito e desta feito o motivo é o relatório do departamento dos Estados Unidos da América.

Relatório dos EUA assinalou a violação da liberdade de imprensa em Cabo Verde

A Associação de Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) publicou um comunicado para falar sobre o sucedido e para defender os jornalistas. 

“O relatório é claro quando refere que durante o ano transacto, a liberdade de imprensa foi beliscada, e cita como exemplo o que aconteceu entre o ministro que tutela a Comunicação Social e a classe jornalística, sublinhando que, nenhuma medida foi tomada pelo executivo na sequência dos actos e declarações protagonizados pelo MCIC, e das consequentes reacções da AJOC e dos jornalistas, e que o assunto acabou por morrer sem que nenhuma das partes tivesse recuado”, começa por esclarecer a AJOC.

“Isto por si só constitui um libelo dirigido ao Governo, querendo significar que, face ao acontecido, alguma coisa teria de ser feita pelo executivo, o que, claramente, não aconteceu, deixando em aberto um espaço potencial para futuras práticas de interferência do poder político na esfera de actuação dos jornalistas”.

O relatório reafirme que há liberdade de imprensa em Cabo Verde, e a AJOC diz estar de acordo, mas diz que o Governo no seu comunicado de imprensa não cita a parte que diz que “em matéria de Direitos Humanos incluem privação arbitrária da vida, uso excessivo da força pela polícia e agressão a pessoas detidas, tratamento desumano e castigos degradantes, detenções abusivas, violação da liberdade de imprensa pelo Governo, corrupção, tráfico de pessoas, falhas na protecção das crianças face à violência e a trabalhos perigosos, além de falhas na protecção aos trabalhadores migrantes”.

Governo: “Em nenhum momento o relatório indica a violação de liberdade de imprensa pelo Governo”

A AJOC diz ainda que o gabinete do ministro emitiu o comunicado “onde manifesta um expressivo desprezo e uma profunda falta de respeito pelos profissionais cabo-verdianos da comunicação social, que são acusados de ser incapazes de interpretar um documento e de, no caso vertente, se terem limitado a fazer copy paste, e mais grave ainda, de tentativas de manipulação”.

Perante tais factos, a AJOC condena o tratamento dado à Comunicação Social pelo ministro que tutela o sector, Abraão Vicente, e diz que é perigoso o caminho que está a ser seguido pelo executivo de, “sempre que as noticias não lhe agradarem, classificar as mesmas como fake news, tentando, dessa forma, descredibilizar a imprensa cabo-verdiana”.