As autoridades elevaram para 1.234 o número de vítimas mortais do terramoto e do subsequente tsunami que atingiram a ilha de Celebes na sexta-feira. O Presidente indonésio ordenou um reforço no número de socorristas, dizendo que “toda a gente tem de ser encontrada”.
https://www.instagram.com/p/BobvkmsFhup/?utm_source=ig_web_copy_link
O anterior balanço apontava para 844 mortos. Esta terça-feira, o número oficial voltou a escalar. São já 1.234 vítimas mortais confirmadas. O porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres, Sutopo Purwo Nugroho, acrescentou que há 799 pessoas gravemente feridas, acrescentando que nas comunidades de Sigi e Balaroa ainda não foram contabilizadas as vítimas, pelo que o número poderá ser mais elevado.
Numa igreja que ruiu foram encontrados os corpos de 34 estudantes de teologia. De acordo com a porta-voz da Cruz Vermelha local, Aulia Arriani, 52 estudantes de teologia continuam desaparecidos.
“No total foram encontrados trinta e quatro corpos pelas equipas de resgate”, disse Aulia Arriani, afirmando que os 86 estudantes participavam num retiro religioso no distrito de Sigi Biromaru, no norte da ilha. O acesso difícil tem sido o principal obstáculo. “O principal problema é andar na lama mais de uma hora e meia a carregar os corpos”, explicou a porta-voz da Cruz Vermelha.
O balanço do número de mortos é assumidamente provisório. As autoridades ainda não conseguiram chegar a algumas áreas remotas do território, que estão isoladas e sem contactos há mais de três dias.
O Presidente indonésio, Joko Widodo estabeleceu como prioridade a evacuação, o resgate e salvamento de vítimas que ainda não foram encontradas. Ordenou que mais polícias e soldados sejam enviados para as zonas afetadas, sobretudo aquelas que estão isoladas e sem contacto.
Num hotel de sete andares que colapsou em Palu estariam 50 pessoas. “Suspeitamos que haja ainda sobreviventes presos nos escombros”, revelou à Reuters o chefe de uma das equipas de resgate, Agus Hayono. Já foram retiradas 12 pessoas do local, três delas ainda com vida.
As autoridades estão a abrir valas comuns para enterrar os mortos, tentando evitar epidemias. Em Palu, 54 corpos foram assim enterrados. “É melhor enterrar os corpos rapidamente”, confessou Rosmawati Binti Yahya, cujo marido estava entre os cadáveres que foi enterrado na vala comum. A mulher, de 52 anos, procura ainda a filha que está desaparecida desde o terramoto.
Os habitantes têm passado os últimos dias numa busca desesperada pelos familiares e amigos desaparecidos. Como Ali, que estava na praia com a mulher quando o tsunami invadiu o território. “Quando a vaga chegou, perdi-a”, conta Ali, que também foi arrastado pelo mar. Não sabe ainda onde está a mulher ou se ela conseguiu ou não sobreviver.
Entretanto, um dos primeiros voos de evacuação de uma zona devastada pelo terremoto na região central da Indonésia desembarcou em Java Oriental.
O avião de transporte militar C130, que chegou hoje a um aeroporto militar, transportou dezenas de pessoas, incluindo vítimas feridas que precisavam de mais cuidados e tratamento. Partiu da cidade de Palu, onde centenas de pessoas ainda estão à espera para serem retiradas.
A situação está cada vez mais desesperante nas áreas severamente danificadas da ilha central de Sulawesi, onde as pessoas estão a ficar sem comida, combustível e outros bens essenciais.
“O Governo e o Presidente vieram, mas aquilo que nos faz realmente falta é água e comida”, argumenta Burhanuddin Aid Masse, de 48 anos.
O gabinete coordenador das questões humanitárias da ONU estima que haja 191.000 pessoas a necessitar de apoio humanitário urgente, entre elas 46.000 crianças e 14.000 idosos. Muitos destes estão em zonas que neste momento não estão no centro das prioridades de ajuda do governo.
A Indonésia assenta sobre o chamado Anel de Fogo do Pacífico, uma zona de grande atividade sísmica e vulcânica onde, em cada ano, se registam cerca de 7.000 terramotos, a maioria moderados.
Por: RTP