A empresa pública cabo-verdiana Aeroportos e Segurança Aérea (ASA) passou de lucros a prejuízos de 16 milhões de euros em 2020, devido à quebra abrupta das ligações aéreas e de passageiros, provocada pela pandemia de covid-19.
Segundo o relatório e contas da empresa, cuja actividade de gestão dos aeroportos o Governo cabo-verdiano pretende privatizar, foi registado um movimento de 775.998 passageiros (embarques, desembarques e em trânsito) em 2020, menos 72% (perda de quase dois milhões de passageiros) face a 2019, enquanto o movimento de aeronaves caiu 63%, para 13.162 (menos 22.000).
A actividade da ASA está centrada em dois ramos de negócio, que são os serviços de Navegação Aérea e a Gestão Aeroportuária. Os serviços de Navegação Aérea são prestados, principalmente, a partir do Centro de Controlo Oceânico na ilha do Sal e a rede aeroportuária engloba quatro aeroportos internacionais e três aeródromos, em sete das nove ilhas habitadas.
Devido à pandemia de covid-19, o Governo cabo-verdiano suspendeu os voos internacionais em meados de Março, interdição que se prolongou até Outubro de 2020, enquanto os voos domésticos estiveram suspensos desde o final de Março até 15 de Julho.
Um contexto de “grande dificuldade”, como reconhece a empresa, com 511 trabalhadores, identificando no seu relatório e contas que o resultado líquido passou de um valor histórico positivo de 2.401 milhões de escudos (21,7 milhões de euros) em 2019 – ano em que Cabo Verde recebeu um recorde de 819 mil turistas – para prejuízos de 1.771 milhões de escudos (-16 milhões de euros) em 2020.
“O ano de 2020 foi de grande impacto para o sector da aviação civil, em Cabo Verde e no mundo, com nove meses de actividade muito residual testando ao limite a capacidade de resiliência e sustentabilidade das empresas do sector”, lê-se no relatório e contas.
Relativamente à actividade na FIR Oceânica do Sal, registaram-se 23.783 sobrevoos em 2020, o que representa uma redução de 59% face a 2019. A gestão desta FIR é uma das principais fontes de receita do sector aeronáutico de Cabo Verde, valendo cerca de 40% do total.
“Esta redução acentuada da actividade reflecte os efeitos da suspensão de voos internacionais um pouco por todo o mundo e com particular incidência nos voos de ligação entre a Europa e a América do Sul que representam mais de 70% da actividade no espaço aéreo gerido por Cabo Verde”, aponta o relatório e contas.
A FIR (região de informação de voo) corresponde a um espaço aéreo delimitado verticalmente a partir do nível médio do mar, sendo a do Sal – que existe desde 1980 – limitada lateralmente pelas de Dakar (Senegal), Canárias (Espanha) e Santa Maria (Açores, Portugal).
Ainda assim, a empresa assegura que a “resposta célere e assertiva” que teve “foi crucial para que o ano 2020 tenha finalizado com a ASA a manter a capacidade e sustentabilidade necessárias para fazer face aos desafios futuros da retoma do sector, não esquecendo ainda o importante contributo e compromisso demonstrado pelos seus ‘stakeholders’ neste momento de grande adversidade”.
Por: Inforpress/Lusa