O governo de Cabo Verde tem em curso projetos urbanísticos e ambientais de mais de 200 milhões de escudos (1,8 milhões de euros) para resolver “problemas estruturantes” da Cidade Velha, património mundial, disse hoje à Lusa fonte oficial.

Segundo a presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Silva, entre os projetos que começam este ano está o de requalificação urbanística e ambiental da Cidade Velha, que prevê a intervenção em vários espaços do sítio histórico.

“Com esta intervenção, vai-se conferir à Cidade Velha um projeto estruturante de reabilitação que vai, não só contribuir para a preservação deste importante património e da sua paisagem urbana e histórica, mas sobretudo para melhorar as condições de vida dos habitantes e promover atividades económicas que podem gerar empregos e mais-valias para a comunidade residente”, previu a presidente, em entrevista à Lusa.

Os trabalhos são financiados pelo Fundo de Sustentabilidade Social do Turismo, pelo Banco Mundial e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), no quadro do Projeto de Turismo Resiliente e Desenvolvimento da Economia Azul e do Plano Operacional do Turismo (POT) de Cabo Verde (2022-2026).

De acordo com a presidente do IPC, todos os projetos em curso vão “resolver os outros problemas estruturantes” da Cidade Velha, no município da Ribeira Grande de Santiago, um dos principais polos turísticos na ilha de Santiago.

Além da requalificação urbana, outro objetivo é dinamizar os pequenos negócios nesse sítio elevado à categoria de património mundial em 2009 pela UNESCO.

“Vão permitir que visitantes possam passar mais tempo, em melhores condições e que possam gastar também mais”, frisou Samira Silva, prevendo que a Cidade Velha seja transformada numa “cidade pedestre”.

“O projeto prevê criar todas as condições para que as pessoas não estejam a circular constantemente entre um monumento e outro motorizados. Vai haver condições para quem quer fazer uma visita mais prolongada, quer caminhar para conhecer as particularidades do sítio, entrar em contacto com a população local”, indicou.

“Acreditamos que estes projetos no horizonte 2022-2026 vão conferir uma grande transformação à Cidade Velha, que vai refletir não só na melhoria do bem-estar da população residente, mas também vai reforçar esta componente histórica e cultural do sítio, definindo uma marca turística da Cidade Velha, que acaba por ser no contexto nacional um elemento singular”, completou.

Para a presidente do IPC, os projetos que vão arrancar este ano vão “potencializar” a mais-valia que é conferida à Cidade Velha através do estatuto, criando as condições para aumentar o turismo, as atividades económicas, as permanências e as dormidas no sítio.

“E tudo isso vai contribuir para a geração de empregos e também para elevar o nível de satisfação das pessoas que visitam a Cidade Velha ou que escolham a Cidade Velha como o seu destino de passagem durante as férias”, vincou.

A dirigente institucional disse estar com “muita expectativa” em relação aos projetos, entre os quais a sinalética e eliminação dos monumentos, reabilitação no centro, de estradas, da orla marítima ou das casas na Rua de Banana, a primeira a ser construída pelos portugueses em África, porque criam condições para que o sítio seja protegido para ser legado às futuras gerações.

Descoberta pelo navegador português Diogo Gomes em 1460, foi António da Noli, italiano então ao serviço da coroa portuguesa, que deu início ao povoamento da localidade, dois anos mais tarde.

Primeira capital do arquipélago de Cabo Verde, até 1770, a Ribeira Grande de Santiago, a 12 quilómetros da Cidade da Praia, foi elevada a cidade em 1533, altura em que contava com cerca de 500 habitantes, um quarto dos atuais.

Por: Lusa