O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, salientou na sexta-feira, 28 de Abril, a importância dos parceiros públicos e tradicionais do desenvolvimento, mas afirmou que o objetivo do Governo é captar mais investimentos particulares e ser uma “Nação pró-privados e pró-investimentos”.

“Nós temos de pôr a nossa frente que é fundamental sermos uma nação pró-privados e pró-investimentos e criarmos todas as condições para que os investimentos privados se concretizem”, traçou o também ministro das Finanças.

Em declarações aos jornalistas à margem da segunda Conferência Internacional de Parceiros (CIP), que terminou na sexta-feira na ilha da Boa Vista, Olavo Correia salientou que o que faz a diferencia para o desenvolvimento do país são investimentos particulares.

“O que faz a diferença é o investimento privado e o Estado tem de criar as condições para termos o melhor ambiente de negócios, melhor clima de investimentos, capacidade para regular os mercados e para captar investimentos privados”, mostrou.

A conferência decorreu sob o lema “Impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento”, e contou com a presença, física e virtual, de todos os principais parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde, quer públicos e privados, nacionais e internacionais.

Durante dois dias, o Governo apresentou os projetos do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II — 2022 — 2026), aprovado em 2022, e esperava mobilizar 2.000 milhões de euros para implementar os instrumentos, cuja previsão de financiamento total é de 5.000 milhões de euros.

Questionado sobre se esse valor foi mobilizado durante o evento, o vice-primeiro-ministro respondeu que essa não é a parte mais importante, explicando que o mais importante foi ter-se conseguido um alinhamento com os parceiros em relação à visão de futuro proposta pelo Governo. 

“Eu disse desde o início que nós não viemos para esta conferência para assinar cheques e as pessoas que estiveram cá não vieram para isso”, respondeu, dizendo que o financiamento é um trabalho que começa agora e que tem que ser continuado, esperando a partir de agora começar a fechar envelopes financeiros, muitos deles que já estavam indicados antes da conferência”, explicou Olavo Correia.

“Antes de pensar em montantes, temos de saber para quê, o que fazer com esses montantes e que impactos queremos atingir em relação à utilização dos mesmos”, afirmou, dando conta de uma “demanda enorme” de investimentos privados no país nos últimos anos, em média de mais de mil milhões de euros por anos nos últimos três anos.

O PEDS II preconiza um crescimento económico médio anual não abaixo de 5%, a erradicação da pobreza extrema até 2026, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais, reforçando a coesão territorial e a coesão social.

O plano pretende cumprir os objetivos estratégicos de Cabo Verde, nomeadamente garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental e o crescimento sustentável, promover a diversificação e fazer do país uma economia de circulação localizada no Atlântico médio.

Cabo Verde está a recuperar de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística e no ano passado recuperou totalmente dessa quebra, com a economia a crescer 17,7%, impulsionada pelo turismo, de acordo com dados das Contas Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Por: Lusa