Uma pesquisa recente do Afrobarometer revela que os cabo-verdianos avaliam negativamente o desempenho do Governo no sector da saúde e se preocupam com a impossibilidade de obter ou pagar cuidados médicos no país.

Um comunicado de imprensa enviado à Inforpress refere que a maioria dos cabo-verdianos afirma estar preocupada com a impossibilidade de obter ou pagar cuidados médicos e que o governo está a fazer um mau trabalho na melhoria dos serviços básicos de saúde.

“Uma parte expressiva dos cidadãos cabo-verdianos não dispõe de qualquer tipo de cobertura de assistência médica que o ajude a pagar as suas despesas médicas se ficar doente. A principal razão apontada para não ter esta cobertura deve-se ao facto de não poderem pagar um seguro de saúde”, lê-se no documento.

Os resultados indicam que entre os que procuram atendimento numa unidade de saúde pública, quase metade afirma ter tido dificuldades em obter os cuidados necessários.

Outro ponto relevante do estudo refere que os investimentos do governo no sector de saúde no período pós-independência, disponibilizando serviços gratuitos a todos os cidadãos, constituiu uma importante conquista dos cabo-verdianos.

 Contudo, de uns anos para cá, introduziu-se uma taxa de cobrança em vários serviços médicos nas estruturas públicas de saúde, ao mesmo tempo que aumentou o tempo de espera para se conseguir uma consulta em várias especialidades. 

“Quase metade 47% dos entrevistados que procuraram assistência em unidades de saúde públicas durante o ano anterior relataram dificuldades em obter os cuidados necessários, e que as reclamações são particularmente comuns entre moradores urbanos (50%) e mulheres (49%)”, frisa a nota. 

A pesquisa também indica que 37% da população não possui qualquer tipo de cobertura de saúde para suportar despesas médicas, sendo a principal razão a incapacidade de pagar um seguro de saúde.

“Esta dificuldade é especialmente comum entre os homens (43%, contra 33% entre as mulheres), muitos jovens (48% com a idade compreendida entre os 18 a 25 anos, vs 29% dos indivíduos com 56 anos e mais), com baixos níveis de escolaridade (33% entre os indivíduos sem nenhuma escolaridade”, refere.

Além disso, 80% dos cabo-verdianos dizem que se preocupam “de alguma forma” ou “muito” que eles ou um membro da família não consigam obter ou pagar os cuidados médicos necessários se ficarem doentes, e 9% dizem se preocupar “um pouco.

” Apenas 11% dizem não se preocupar nem um pouco.

A avaliação do governo sobre a gestão da saúde é amplamente negativa, com 67% dos cabo-verdianos a considerarem que o Executivo tem feito um trabalho insatisfatório na melhoria dos serviços de saúde. A pesquisa revela que a insatisfação é mais evidente entre residentes urbanos, jovens e pessoas com níveis de instrução mais elevados. 

“Os mais críticos nas suas avaliações são os residentes das zonas urbanas (70%), com muita pobreza vivida (76%), mais jovens (70%) e mais instruídos (72%)”, conclui. 

Por: Inforpress