A cidade da Praia registou 53 casos de paludismo desde o início do ano, 49 dos quais locais, números considerados anormais, já que a maioria dos doentes foi diagnosticado nos últimos dias, informou a delegada de Saúde.
«Neste momento, está a ocorrer um evento inabitual na cidade da Praia com o aparecimento desses casos. Não é hábito nesta altura do ano, antes das chuvas, aparecerem tantos casos. Até ao momento já temos 49 casos autóctones e quatro importados, totalizando 53», contabilizou em declarações à agência Lusa a delegada de Saúde da Praia, Ulardina Furtado.
Os 49 casos autóctones registados só na cidade da Praia nos sete meses deste ano são superiores ao total notificado em todo o país no ano passado, com 47, mas os importados são menos do que os registados em todo o ano passado, que teve 28 casos.
A médica disse que no início os principais focos de casos se situavam na zona baixa da Praia, como o Taiti, Parque 05 de Julho, Várzea e Ponta Belém, mas depois ´espalhou-se por toda a cidade da Praia´, chegando a Achada de Santo António e Lém Ferreira.
A responsável de saúde afirmou que essas zonas têm mais deficiência em termos de saneamento básico e há mais lixeiras, o que facilita a propagação de mosquitos.
Até este momento, Ulardina Furtado disse que Fonton e Fundo Cobon, dois dos principais focos habituais de mosquitos, não registaram casos, afirmando que essas zonas sempre tiveram problemas, mas depois das chuvas.
Em relação aos doentes, a médica disse que todos estão bem, tendo registado um único caso grave, de uma pessoa que estava há seis dias em casa com sintomas, mas a maioria dos pacientes já teve alta hospitalar.
Também informou à Lusa que as casas de todos os doentes foram pulverizadas, bem como as imediações num raio de 300 metros.
A delegada de Saúde da Praia afirmou que as autoridades cabo-verdianas estão a estudar as razões para o aparecimento de tantos casos de paludismo na capital nesta época do ano e na quarta-feira está agendada uma reunião multissectorial para discutir várias questões.
«São um conjunto de questões que nós mesmos, técnicos, estamos a levantar e que estamos a estudar para ver onde é que estão os erros, onde podemos corrigir para melhorarmos», apontou.
Ulardina Furtado disse que o número de casos registados até agora é ´um bocadinho´ maior do que o ano anterior, mas sublinhou que ainda não saiu do parâmetro esperado.
Entretanto, prevê o aparecimento de mais casos assim que começar a chover, já que o ´pico habitual´ é depois das chuvas, nos meses de outubro e novembro.
Fonte: Lusa