A diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, defendeu hoje o empenho da comunidade internacional na ajuda à produção de vacinas em África, vincando que este apoio “não é caridade, mas sim um bem público global”.
Num artigo de opinião publicado no site do Fundo, Georgieva afirma que “é crítico que a região tenha as ferramentas e os fundos necessários para construir capacidade de produzir vacinas”, e acrescenta: “Deixem-me ser clara, o apoio internacional não é caridade, isto é um bem público global, e como todos já sabemos, ninguém está a salvo até todos estarem a salvo”.
No artigo, a líder do FMI lembra a visita recente ao Senegal e à República Democrática do Congo para sublinhar que ficou entusiasmada com “o engenho criativo” dos africanos e vinca que, com a quarta vaga a percorrer o continente africano e a aumentar significativamente o número de casos de infeção por covid-19, “a capacidade da região de se equipar para combater a pandemia e lidar com as futuras necessidades de saúde tem implicações globais”.
A prioridade imediata é “garantir previsibilidade na entrega de vacinas”, mas também será preciso garantir “financiamento para que os sistemas de saúde possam vacinar a população local rapidamente quando as vacinas chegam, incluindo através de esforços para reiterar a importância das vacinas e reduzir a resistência [das populações] às vacinas”.
No ano passado, o FMI propôs um plano para acabar com a pandemia através da vacinação de 40% da população de todos os países até final de 2021 e 70% até meados de 2022, mas Georgieva diz que a meta não foi atingida na totalidade.
“O progresso tem sido impressionante, mas o mundo precisa de fazer melhor; a distribuição de vacinas e outras ferramentas continua a duas velocidades alarmantemente diferentes, porque em África, por exemplo, só sete países chegaram à meta de 40% em 2021 e, para muitos, o objetivo de 70% parece cada vez mais ambicioso”, escreve a diretora do FMI.
Tudo isto, conclui, “vai precisar de mais cooperação e apoio da comunidade internacional”, uma vez que “é cada vez mais claro que a capacitação robusta e segura em África é um bem público global que merece um apoio global”.
De acordo com os dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC), o continente ultrapassou na segunda-feira a barreira dos 10 milhões de casos, registando mais de 231 mil mortes desde o início da pandemia, num contexto em que a quarta vaga, dominada pela variante Ómicron, está a fazer subir o número de casos de forma muito rápida.
Por: Lusa