Cabo Verde registou ontem 10 doentes recuperados do novo coronavírus, com dois na Boa Vista e oito na Praia, número pela primeira vez superior aos novos casos confirmados, que foram sete, segundo as autoridades de saúde.
“Penso que foi um dia bom para Cabo Verde em relação à prevenção e controlo do coronavírus. Pela primeira vez nós temos mais casos recuperados do que casos confirmados”, disse o diretor nacional da Saúde de Cabo Verde, Artur Correia, na conferência de imprensa de ponto de situação diário da doença no arquipélago.
De manhã, o Ministério da Saúde tinha anunciado dois doentes recuperados na Boa Vista, que deixou de ter casos ativos de coronavírus, 63 dias depois do primeiro caso, a 19 de março.
Artur Correia anunciou no encontro com a imprensa mais oito doentes com alta na Praia, passando de 85 para 95 o total no país (26,6%), no dia em que diagnosticou mais sete casos novos.
Com esses recuperados, diminuiu para 256 o número de doentes internados, todos em Santiago, a única ilha agora com casos ativos, a maioria na cidade da Praia (249).
Segundo o diretor nacional de Saúde, o facto de a Boa Vista deixar de ter casos ativos constitui um “grande desafio” para a ilha, e para São Vicente, a outra ilha que registou casos, mas também para todas as outras sem qualquer registo.
“O grande desafio é manter esse status e isso exige um conjunto de reforços que devem ser feitos a nível da vigilância epidemiológica”, salientou o porta-voz do Ministério da Saúde, referindo que as pessoas que saíram dos isolamento na Boa Vista vão ser seguidas, pelo menos, por um período de 14 dias, para se saber a evolução do seu estado de saúde.
Além disso, Artur Correia afirmou que as autoridades de saúde vão continuar a realizar a vigilância epidemiológica à entrada das ilhas, de pessoas provenientes de ilhas com ou sem transmissão da infeção.
Quanto à cidade da Praia, o novo epicentro do vírus no país, o responsável de saúde anunciou o início de uma “intensa atividade” nos bairros, com enfermeiros, médicos, agentes de proteção civil, Forças Armadas e agentes de informação, educação e comunicação.
“Para podermos fazer uma intervenção forte, chamar atenção da população para as ações de prevenção e controlo da doença e testando também, através de testes rápidos, as pessoas que se justificarem para o efeito e identificando eventuais casos positivos”, reforçou.
Em pouco mais de dois meses, Boa Vista deixou de ter casos ativos e a Praia passou a ser o centro da doença, com casos diários, mas Artur Correia explicou que não é uma questão de falhas, mas sim de contexto epidemiológico, que é “complemente diferente”.
A Boa Vista é uma das maiores ilhas de Cabo Verde, mas com fraca densidade populacional, enquanto na Praia a densidade populacional é enorme e as pessoas estão mais concentradas, explicou Artur Correia, dizendo que isso propicia uma maior taxa de transmissão e maior aumento do número de casos.
“Não tem a ver com falhas, são as mesmas medidas que tomamos lá e aqui estão sendo reforçadas. Não há nenhuma estratégia diferente. É o reforço das medidas, num contexto completamente diferente”, continuou a mesma fonte.
Neste momento, a ilha de Santiago é a única que continua em estado de emergência, pelo menos, até 29 de maio, com o diretor nacional de Saúde a afirmar que o objetivo é conter e evitar o “avanço brusco” de casos na capital cabo-verdiana.
“Até certo ponto nós estamos contentes com os resultados que estamos a conseguir, mas conscientes de que é preciso fazer mais, continuar a fazer, mesmo após o estado de emergência”, pediu Correia, relembrando que o período de exceção não elimina o vírus.
Cabo Verde já diagnosticou um acumulado de 356 casos de covid-19, nas ilhas de Santiago (297), Boa Vista (56) e São Vicente (3).
Do total, três resultaram em óbito, 95 foram dados como recuperados, dois foram transferidos para os seus países e o país tem neste momento 256 doentes ativos, e todos na ilha de Santiago.
Por: Lusa