O Presidente cabo-verdiano disse hoje que decidiu não prorrogar pela quarta vez o estado de emergência na ilha de Santiago, devido, entre outros fatores, à evolução estacionária da pandemia de covid-19 na cidade da Praia.
“Temos os dados que, comparando as várias semanas epidemiológicas, estamos numa situação em que a evolução da epidemia, particularmente aqui na Praia, é estacionária, o indicativo RT [grau de transmissibilidade de infeção] está abaixo de 1 e também o facto de que a última prorrogação em Santiago foi mais flexível, e portando, ouvindo o Governo, as autoridades de saúde, eu tomei já a decisão de não se prorrogar mais o estado de emergência em Santiago”, anunciou Jorge Carlos Fonseca.
O chefe de Estado cabo-verdiano falava à imprensa, na cidade da Praia, capital do país, após uma reunião com o Governo, para avaliação do estado de emergência ainda em vigor na ilha de Santiago até às 23:59 de sexta-feira.
O primeiro período de estado de emergência em Cabo Verde, de 20 dias, começou em 29 de março, tendo vigorado até 17 de abril em todas as ilhas do país, passando depois para 15 dias nas ilhas de Santiago, Boa Vista e São Vicente.
De 03 a 14 de maio esse período de exceção vigorou nas ilhas de Santiago e Boa Vista, e desde 15 de maio vigora apenas em Santiago, a única ilha com casos ativos de infeção pelo novo coronavírus.
Para Jorge Carlos Fonseca, Cabo Verde vai agora caminhar “com prudência, mas progressivamente”, para o levantamento de restrições, de forma que o país possa caminhar para uma situação de normalidade.
“O Presidente da República confia no sentido de responsabilidade dos cabo-verdianos, que continuarão a manter e a reforçar esse sentimento de responsabilidade individual, de forma a que possamos dar sempre passos em frente e não tenhamos em nenhum momento de dar passos atrás, isto é, de voltar ao estado de emergência”, apelou o Presidente cabo-verdiano.
Com base neste novo dado de não prorrogação do estado de emergência, Jorge Carlos Fonseca disse que o Governo vai anunciar na sexta-feira o plano de desconfinamento para todo o território nacional, mas com calendários diferenciados.
Uma das medidas vai ser o recomeço das ligações marítimas de e para a ilha da Boa Vista, mas o mesmo já não vai acontecer ainda de e para Santiago, segundo o Presidente da República, indicando que o plano vai conter medidas para as praias, jardins de infância e restaurantes.
“Avaliámos que não se justificava neste momento uma quarta prorrogação. As indicações que temos neste momento são interessantes, são positivas, mesmo do ponto de vista da atitude da esmagadora maioria dos cabo-verdianos, [que] é cooperativa. Não fazia sentido, depois de uma prorrogação flexível do estado de emergência, dar-se um passo atrás e não prosseguir na atenuação progressiva das restrições”, explicou.
Com o levantamento das restrições, Jorge Carlos Fonseca reconheceu que “há riscos”, mas disse que agora “tudo está nas mãos” dos cabo-verdianos, esperando que a situação continue a regredir na ilha de Santiago até à normalização.
“Todos os dados dão sustento para esta decisão política de deixar caducar o prazo da terceira prorrogação do estado de emergência em Santiago”, acrescentou.
Cabo Verde já registou 390 casos acumulados de covid-19, desde 19 de março, distribuídos pelas ilhas de Santiago (331), Boa Vista (56) e São Vicente (03).
Do total, registaram-se quatro óbitos, dois doentes transferidos para os seus países e 155 doentes recuperados, fazendo com que o país tenha neste momento 229 casos ativos.
Cabo Verde está há três dias sem anunciar resultados dos testes ao novo coronavírus, porque o Laboratório de Virologia detetou “reagentes deteriorados”, segundo informações do Instituto Nacional de Saúde Pública, que espera retomar dentro de dois a três dias.
Por: Lusa