As estimativas do INE divulgadas hoje apontam para uma diminuição da taxa de pobreza em 2022, passando de 31,3% em 2020, para 28,1% em 2022, permanecendo-se, entretanto, ainda acima dos níveis pré-pandemia de 2019.

De acordo com os dados do INE, de 2001 a 2015 Cabo Verde registou “um crescimento significativo” a favor dos pobres, cuja taxa nacional de pobreza de 56,8 %, em 2001, caiu para 35,2 %, em 2015.

Entretanto, a estimativa da pobreza no período 2016-2022 indicou que a taxa de pobreza em 2022 situou-se em 28,1 %.

A mesma fonte avançou que após o início da pandemia o turismo foi interrompido, resultando num PIB negativo de 19,3 %, trazendo como consequência o aumento da pobreza em 3,6 pontos percentuais entre 2019 e 2020.

Isto, conforme os dados, levou aproximadamente 20.700 indivíduos à pobreza, ou seja, “quase revertendo” os ganhos na redução da pobreza dos quatro anos anteriores.

“Após o declínio relacionado com a covid-19, o crescimento económico foi retomado em 2021 e 2022, e as estimativas indicam a diminuição da taxa de pobreza, passando de 31,3% em 2020, para 28,1% em 2022, permanecendo ainda acima dos níveis pré-pandemia de 2019”, assinalou o INE.

Numa análise por meio de residência, as estimativas indicaram que as zonas urbanas foram as mais atingidas, apresentando um aumento da pobreza de 4,9 pontos percentuais entre 2019 e 2020, em comparação com 1,7 pontos percentuais nas zonas rurais.

Entre 2020 e 2022, acrescentou, as áreas urbanas experimentaram maiores aumentos no consumo, em comparação com as áreas rurais, justificado pelo facto da pandemia ter afectado desproporcionalmente as áreas urbanas, devido ao impacto das medidas de confinamento e a interrupção completa do sector do turismo.

Pelo que, constatou o INE, o aumento da pobreza está associado a um novo tipo de agregados familiares pobres, com maior probabilidade de serem urbanos.

“O género desempenhou um papel fundamental na definição do estatuto da pobreza em Cabo Verde, em 2015, onde 61 % dos agregados familiares pobres eram liderados por mulheres, contra 39 % por homens”, observou.

Embora esta diferença tenha diminuído até 2019, as estimativas para 2020 e 2022 sugerem que a percentagem de agregados familiares pobres representados por mulheres ultrapassou os níveis de 2015, atingindo 62 % e 66 %, respectivamente.

Conforme assinalou a mesma fonte, este padrão pode ser explicado pela grande proporção de mulheres empregadas no sector de serviços, representando (84,3 %), que foi o sector mais atingido durante a pandemia de covid-19.

Por outro lado, observou, a percentagem de agregados familiares rurais pobres manteve-se consistente, tendo sublinhado evidências de crescimento pró-pobres entre 2015 e 2019, daí sugerir melhorias na desigualdade de consumo.

Por: Inforpress