As contas públicas de Cabo Verde registaram um défice de 6.060 milhões de escudos (54,6 milhões de euros) até julho, equivalente a 3,1% do PIB estimado, quase metade em termos homólogos, segundo dados oficiais.

De acordo com o relatório síntese da execução orçamental de janeiro a julho, do Ministério das Finanças, a que a Lusa teve acesso, este desempenho continuou a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, mas com as receitas a subirem 30,5% face a julho de 2021, bem como as despesas, mas em 8,0%.

O défice equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) até julho representa um aumento de 0,8 pontos percentuais face ao mês anterior, de junho, enquanto em julho de 2021 o saldo das contas públicas de Cabo Verde foi negativo em mais de 9.395 milhões de escudos (84,6 milhões de euros), equivalente a 5,2% do PIB estimado para o ano passado, segundo os dados do Ministério das Finanças.

No Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2022, o Governo inscreveu uma previsão de défice das contas públicas de 6,1% do PIB – toda a riqueza produzida no país — esperado acima de 188.945 milhões de escudos (1.705 milhões de euros), face aos 176.960 milhões de escudos (1.597 milhões de euros) projetados para 2021.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística — setor que garante 25% do PIB do arquipélago — desde março de 2020.

Com alguma retoma da procura turística, o país cresceu 7% em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022.

Cabo Verde inverteu em 2020 — défice de 9,1% do PIB – a tendência decrescente dos seis anos anteriores, de diminuição do défice das contas públicas, segundo dados anteriores do banco central.

Nos últimos 10 anos, o saldo das contas públicas (anual) de Cabo Verde foi sempre deficitário, com picos em 2012 (-10,3% do PIB) e 2013 (-9,3% do PIB), descendo até ao mínimo de -1,8% do PIB em 2019, antes da crise provocada pela pandemia.

O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, afirmou anteriormente que o Orçamento de 2022 será um dos “mais desafiantes da história” do arquipélago, devido à crise económica provocada pela pandemia, preparado num “cenário de grandes incertezas”.

As contas públicas de Cabo Verde registaram um défice superior a 14.371 milhões de escudos (130 milhões de euros) em 2021, equivalente a 8,1% do PIB estimado, mas abaixo do inicialmente previsto, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças.

De acordo com o relatório da Conta Provisória do Estado no quarto trimestre de 2021, este desempenho continuou a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, embora com uma recuperação nas receitas totais, mais 1,8% face a 2020, e um aumento de 0,5% nas despesas.

O défice de 8,1% de janeiro a dezembro de 2021 compara com o défice de 8,9% no mesmo período de 2020, segundo os dados do mesmo relatório.

Por: Lusa