O relatório anual do Banco de Cabo Verde (BCV) divulgado hoje indica que a economia cabo-verdiana registou em 2017 um crescimento em volume de 3,9 por cento (%), superior em 0,1 ponto percentual face ao crescimento registado em 2016.
De acordo com o documento, esse aumento, que demonstra o reforço do dinamismo evidenciado já em 2016, foi favorecido pelo fortalecimento do ciclo de recuperação das economias parceiras do país e dos seus mercados de trabalho bem como por impulsos orçamentais e monetários.
A execução de investimentos públicos e aumento das despesas com pessoal e reforço de medidas de afrouxamento da política monetária em Junho, foram alguns aspectos que segundo o banco central obtiveram um efeito multiplicador relevante.
O BCV indica que, do lado da procura, o crescimento foi determinado pelos contributos positivos do consumo privado e dos investimentos privado e público e, do lado da oferta, pelo incremento dos valores acrescentados brutos da indústria transformadora, da administração pública, da eletricidade e água, do alojamento e restauração e do comércio.
O aumento de empregos nos sectores da construção, da administração pública, do alojamento e restauração e da indústria transformadora, de crescimento contido da inflação (0,8 por cento em termos médios anuais) e de consistente aumento do crédito ao sector privado também contribuíram para dinamização da economia.
“A expansão da procura agregada, dadas as restrições da capacidade produtiva, resultou, entretanto, num crescimento significativo das importações e, consequentemente, no agravamento das balanças comercial e corrente”, refere o documento.
Entretanto, mostra que o alargamento das necessidades de financiamento da economia, não compensado pelo crescimento de influxos líquidos de financiamento, determinou a queda das reservas internacionais líquidas do país, na ordem dos 13 milhões de euros, pela primeira vez desde 2011.
“A performance da economia nacional em 2017 sugere que esta estará reforçando o seu ciclo de retoma”, realça o BCV.
Entretanto, salienta que, não obstante o fortalecimento da sua capacidade produtiva e de resiliência a choques exógenos (nomeadamente aos ciclos económicos da Europa), condição necessária para o alcance dos níveis de bem-estar ambicionados, interpela as autoridades de política ao desenho adequado e implementação eficiente de um quadro de reformas estruturais.
“Estas deverão visar desde a consolidação orçamental para a criação de espaço para políticas contra cíclicas à expansão do potencial de crescimento da economia, via redução dos riscos e custos de investimentos empresariais, reforço da solidez e desenvolvimento do sistema financeiro, bem como adequação de competências para a maximização da empregabilidade e produtividade total dos fatores produtivos”, precisa.
Por: Inforpress