A população imigrante ou estrangeira em Cabo Verde é de 2,2% em relação à população total e os guineenses, senegaleses e portugueses são as maiores comunidades estrangeiras residentes no arquipélago, segundo um estudo hoje apresentado.

De acordo com os dados preliminares do primeiro inquérito sobre população estrangeira e imigrante em Cabo Verde, estima-se a existência de 10.869 imigrantes ou estrangeiros no país, que representam 2,2% da população total.

A maioria dos estrangeiros está nas cidades da Praia e Santa Catarina de Santiago, nas ilhas do Sal, da Boa Vista e em São Vicente, ainda segundo o mesmo estudo.

A maioria dos estrangeiros e imigrantes residentes em Cabo Verde (60,5%) têm a nacionalidade de um país da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com destaque para os guineenses, senegaleses, nigerianos, guineenses da Guiné-Conacri e gambianos.

Seguidamente, 17,6% dos estrangeiros são europeus, sendo na sua maioria portugueses e italianos, enquanto 8,6 são americanos, 8% são de outros países africanos, como São Tomé e Príncipe e Angola, e 4,9% são asiáticos, na sua maioria chineses.

Segundo a diretora da Alta Autoridade das Migrações, Carmen Furtado, o estudo mostra ainda que o peso que a imigração tem sobre os agregados familiares em Cabo Verde é à volta de 5%, o que quer dizer que em cada 100 agregados familiares, cinco são afetados pela emigração, ou têm um emigrante ou estrangeiro na sua composição.

Um grande número de inquiridos manifestou a vontade de ter a nacionalidade cabo-verdiana, e um grande número quer permanecer em Cabo Verde nos próximos cinco anos, “o que do ponto de vista das políticas públicas mostra uma vontade de integração”, frisou a diretora, para quem a larga maioria dos imigrantes se sentem muito bem integrados no arquipélago.

No entanto, nota-se ainda um sentimento de discriminação, que continua ainda acima dos 30%. “Há cinco ou seis anos tínhamos feito um estudo e já tinha sido apontado este aspeto”, disse.

O primeiro inquérito sobre população estrangeira e imigrante em Cabo Verde foi feito em parceria entre a Alta Autoridade para a Imigração (AAI) e o Instituto Nacional de Estatística (INE) e os dados foram recolhidos em agosto.

Tendo com base o recenseamento geral da população de 2021, os dados foram apresentados um dia após a comemoração do Dia Internacional da Migrações.

Assistiu à apresentação o ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, que referiu que o objetivo do estudo é conhecer a população imigrante em Cabo Verde, para uma “plena integração” no arquipélago.

“Por isso é que nós abrimos um período de regularização extraordinária, para resolvermos o problema da documentação, nós estamos a abrir, nos principais pontos de receção e de acolhimento da comunidade imigrada — Praia, São Vicente, Sal, Boa Vista e Santa Catarina de Santiago — com postos de tradução”, apontou o ministro.

Também disse que toda a política de acesso à saúde, à educação, à formação e ao mercado de trabalho tem sido dirigido a todos os cabo-verdianos, mas também a todos aqueles que vivem em Cabo Verde.

“Isto demonstra que o Governo está a trabalhar para cumprir esse objetivo, trata os cidadãos que escolheram Cabo Verde para viver da mesma forma que tratamos um cabo-verdiano, o que é sinal claro de que Cabo Verde é um país democrático e inclusivo”, frisou o ministro.

Por: Lusa