O escritor cabo-verdiano Germano Almeida é o vencedor da edição de 2018 do Prémio Camões, o mais importante galardão de literatura de língua portuguesa.
O anúncio foi feito ao final da tarde desta segunda-feira, em Lisboa, pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e a decisão tomada por unanimidade pelo júri do galardão.
Germano Almeida nasceu em 1945, na ilha da Boavista, em Cabo Verde. Advogado de profissão, licenciou-se em Direito em Lisboa e estreou-se como contista no início da década de 1980, na revista Ponto & Vírgula.
De entre a sua já extensa bibliografia, distinguem-se obras como O dia das calcas roladas (1982), O Meu Poeta (1989), O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo (1991) e, mais recentemente, Eva (2006), A morte do ouvidor (2010) e De Monte Cara vê-se o mundo (2014). De acordo com o Ministério da Cultura, a obra de ficção de Germano Almeida “representa uma nova etapa na história literária de Cabo Verde”.
Uma obra rica, “onde se equilibram a memória, o testemunho e a imaginação”
Na ata do júri do Prémio Camões, lida em voz alta pelo presidente, o brasileiro José Luís Jobim, foi declarado que o galardão foi atribuído ao escritor cabo-verdiano por “unanimidade”, devido à “riqueza de uma obra onde se equilibram a memória, o testemunho e a imaginação”. “Conjugando a experiência insular e da diáspora cabo-verdiana, a obra [de Germano Almeida] atinge uma universalidade exemplar no que diz respeito à plasticidade da língua portuguesa”, ficou escrito no documento, onde o júri deste ano fez também questão de chamar a atenção para o humor do autor, uma característica que Luís Filipe Castro Mendes admitiu apreciar.
“Tenho um especial gosto em anunciar este prémio”, começou por dizer o ministro da Cultura no Hotel Tivoli, em Lisboa, onde decorreu o anúncio. “Devo dizer que a minha admiração pelo escritor Germano Almeida vem de longe. Acho que tem uma obra extremamente interessante, com originalidade e humor. É um escritor que sabe rir de si e do mundo e que, nesse sentido, apresenta uma visão do mundo muito irónica, crítica, mas sem ser violenta”, afirmou Luís Filipe Castro Mendes, acrescentando: “E é um romancista muito divertido!”.
O embaixador do Brasil em Portugal, Luís Alberto Figueiredo Machado, presente na cerimónia desta segunda-feira, descreveu Germano Almeida como “um grande autor da língua portuguesa” e como “um representante da excelente e riquíssima literatura cabo-verdiana”. Para Luís Alberto Figueiredo Machado, a atribuição do Prémio Camões ao autor de Cabo Verde mostra “o extraordinário rigor que a língua portuguesa tem e o seu enorme futuro”.
O Prémio Camões foi instituído em 1988, em Portugal e no Brasil, com o objetivo de premiar um escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”– a portuguesa. O prémio pretende ainda “estreitar e desenvolver os laços culturais entre toda a comunidade lusófona, pelo que a este evento se associam os outros Estados de língua oficial portuguesa”, refere um comunicado do Ministério da Cultura. O primeiro autor a receber o galardão foi o português Miguel Torga, em 1989. No ano passado, o prémio foi atribuído ao também português Manuel Alegre.
O júri do Prémio Camões de 2018 foi constituído pela Professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Maria João Reynaud, o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Manuel Frias Martins (em representação de Portugal), a professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Leyla Perrone-Moisés, o antigo professor da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro José Luís Jobim (em representação do Brasil), a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Ana Payla Tavares (em representação de Angola) e o poeta José Luís Tavares (por Cabo Verde).
Por: Lusa