Estudo diz que rapazes e professores são os que mais praticam violência nas escolas secundárias

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Os rapazes e os professores são os que praticam mais actos de violência nas escolas secundárias, sendo “Alfredo da Cruz Silva”  (Santa Cruz)  e a “Manuel Lopes”,  (Cidade da Praia) as que mais se destacam, segundo o estudo.

Cristina Pires Ferreira

“A maior parte das ocorrências não acontece nas salas de aula, mas sim nos corredores e durante os recreios”, precisou Cristina Pires Ferreira, presidente da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes, da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), acrescentando que as meninas são as maiores vítimas.

A presidente da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes, da Uni-CV fez estas declarações à imprensa à margem da apresentação, ontem, do estudo de diagnóstico sobre a violência no meio escolar.

O estudo foi realizado pela universidade pública, em parceria com o Ministério da Educação e das Nações Unidas, envolvendo quatro escolas do ensino secundário.

Segundo Cristina Pires Ferreira, os rapazes estão na linha da frente dos praticantes de actos de agressão, mas há também um “número considerável de meninas”, o que faz com que a “diferença não seja tão grande”.

“A faixa etária dos 15 aos 18 anos é aquela que se revela como tendo maior número de autores da violência e de vítimas”, revelou aquela responsável, para quem a explicação é o facto de estarem a entrar na fase de adolescência e todo o processo de “afirmação e luta pelo poder que pode acontecer a nível de grupos e entre os pares”.

Em termos de tipos de violência, de acordo com o estudo, a tendência é muito próxima do que existe a nível internacional, ou seja, no domínio físico e psicológico, nomeadamente as brigas e os insultos.

No concernente à violência cibernética, o uso das redes sociais, como o Facebook, é “muito menos referido no estudo” e Cristina Pires Ferreira justifica que isto se deve, por um lado, por desconhecimento dos professores ou, por outro, por haver uma “subestimação deste tipo de violência”.

Instada se não ficou surpreendida pelo facto de o estudo indicar que os professores também vêm praticando violência contra os alunos, a docente universitária disse que sim.

“Foi algo surpreendente que eles (professores) se tenham assumido como actores da violência, em determinados momentos”, notou Cristina Pires Ferreira.

O estudo recomenda ao Ministério da Educação que seja criada uma base de dados nacional, em que se registem os casos de violência e o seu tratamento para que em estudos posteriores se possa dispor de termos de comparação.

Durante o estudo foram inquiridos 937 alunos, 131 professores, abrangendo as escolas secundárias Manuel Lopes e Abílio Duarte, (todas da Praia) e Alfredo da Cruz Silva, em Pedra Badejo (Santa Cruz), e da Calheta de São Miguel, ambas do interior de Santiago.

No próximo mês de Agosto deverá ser iniciado um outro estudo, desta feita, a nível nacional.

Fonte: Inforpress