A fatura de Cabo Verde com a importação de combustíveis mais do que duplicou em 2022, até ao final do terceiro semestre, face a 2021, e só em setembro disparou 330% em termos homólogos.
 

De acordo com o mais recente relatório estatístico do Banco de Cabo Verde (BCV), que detalha as importações e exportações do arquipélago, o país importou de janeiro a setembro deste ano mais de 12.835 milhões de escudos (116,5 milhões de euros) em todo o tipo de combustíveis, contra os 6.245 milhões de escudos (56,7 milhões de euros) em igual período de 2021, um aumento homólogo de 105,5%.

Contudo, o mesmo relatório refere que só em setembro o arquipélago importou 3.773 milhões de escudos (34,2 milhões de euros) em vários combustíveis, o que compara com 881,1 milhões de escudos (oito milhões de euros) no mesmo mês de 2021 ou os 6.793 milhões de escudos (61,7 milhões de euros) em todo o ano de 2020.

Cabo Verde não tem capacidade de refinação nacional e depende da importação de combustíveis fósseis também para a produção de cerca de 80% da eletricidade de que necessita.

A escalada de preços no mercado internacional já tinha levado o Governo cabo-verdiano a suspender o mecanismo de fixação de preços de venda de combustíveis aos consumidores.

Entretanto, o Governo admitiu que as medidas de mitigação dos aumentos dos preços dos combustíveis devido ao impacto da guerra na Ucrânia vão exigir um esforço financeiro de 45,3 milhões de euros ao Estado de Cabo Verde.

O anúncio foi feito em 01 de julho pelo ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, em conferência de imprensa para anunciar novas medidas para mitigar esses impactos. Lembrou que desde o início do conflito o Governo tomou medidas emergenciais de estabilização dos preços, entre as quais a suspensão entre abril e junho do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, que evitaram que as famílias e empresas sofressem um impacto de mais de 300 milhões de escudos (2,7 milhões de euros).

Cabo Verde importou o equivalente a 235 mil euros por dia em combustíveis em todo o ano de 2021, um aumento de praticamente 40% face ao ano anterior, segundo os dados do BCV.

O país comprou 9.453 milhões de escudos (85,8 milhões de euros) em combustíveis ao exterior em 2021.

Em média, Cabo Verde passou do equivalente a 168 mil euros diários de combustíveis importados em 2020 para 235 mil euros em 2021, um aumento de 39,8%.

Como reflexo do progressivo aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, os combustíveis à venda em Cabo Verde aumentaram de preço mais de 37% de janeiro a dezembro de 2021, segundo dados oficiais.

De 2019 para 2020, com a economia a crescer mais de 5%, a importação de combustíveis por Cabo Verde aumentou mais de 1%.

Por: Lusa