Edvânea Gonçalves, 10 anos de idade, faz hoje dois meses que se encontra desaparecida da casa dos pais em Eugénio Lima, que continuam, conforme dizem, com “fé e esperança” que a filha vai voltar ao seio da família.
Foi a 14 de Novembro que Edvânea saiu de casa para fazer um mandado da mãe Lúcia Helena Carvalho Gonçalves, a menos de 100 metros da residência, não tendo sido vista até hoje.
“Acreditamos que a nossa filha está viva e pedimos a quem a tem presa, que a liberte porque estamos a sofrer”, pedem os pais, através da Inforpress que falou com eles nas vésperas de completar 60 dias sobre o desaparecimento da pequena Edvânea.
O pai, Vladmir Emanuel Gonçalves Carvalho, um fuzileiro naval das Forças Armadas, continua expectante que a filha será encontrada para se juntar ao resto da família que, neste momento, está “muito abalada”, segundo ele.
“Pensem no nosso sofrimento e na instabilidade da nossa família”, apela Vladimir Carvalho àqueles que raptaram a sua filha.
Neste momento, diz ele, não quer saber do raptor, mas sim da filha, pelo que reforça o apelo no sentido de, pelo menos, deixarem a Edvânea o mais perto possível da casa para que ela se junte á família.
“Ela é inteligente e chegará a casa sozinha”, afiança Vladmir Carvalho.
Os pais acreditam que a filha não foi levada para fora do país e, por isso, alimentam a esperança que um dia será encontrada para a alegria da família.
“Até se provar o contrário, acreditamos que a Edvânea está em Cabo Verde, mantida em casa de alguém e sem a liberdade de estar com a sua família, afirmam, convictos, os pais, acrescentando ser “difícil” esquecerem-se da filha que faz parte de um grupo de quatro irmãos.
Riane Gonçalves, cinco anos de idade, não esconde a vontade de ver a irmã Edvânea de regresso à casa.
“Quero que ela venha para a casa”, desejou a irmã mais nova.
“Não estamos a conseguir ter sono tranquilo durante a noite, porque pensamos sempre na nossa filha que está desaparecida”, afirmaram à reportagem da Inforpress, num ambiente de angustia e tristeza.
Hoje, sempre que os seus telemóveis tocam os seus pensamentos vão no sentido de que alguém está a transmitir-lhes alguma notícia boa sobre o aparecimento da filha de dez anos, que é tida como uma “menina inteligente e esperta”.
Vladmir Emanuel Carvalho não esconde a sua “indignação” pelo facto de nenhuma autoridade do país se ter manifestado a sua solidariedade para com a família, sendo ele um militar que jurou defender a Pátria em quaisquer circunstâncias, assim como aqueles que governam o país.
Edvânea, estudante da quinta classe, mora a menos de 20 metros da escola que frequenta. Mas, nesse dia 14 de Novembro, faltou às aulas, que, segundo o pai, “não é habitual” para a filha.
“É uma menininha muito quieta e tranquila e raras vezes leva uma correcção da parte dos pais”, afirmou Vladmir Carvalho.
O desaparecimento de pessoas em Cabo Verde tem inquietado a sociedade civil.
Recentemente, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), Janira Hopffer Almada, manifestou-se preocupada com o desaparecimento da pequena Edvânea e também da jovem que ainda continua com paradeiro desconhecido e pediu á comunicação social para não deixar que estas duas situações caiam no esquecimento.
Num curto período de tempo contabilizaram-se três pessoas desaparecidas.
A 28 de Agosto, Edine Jandira Robalo Lopes Soares, 19 anos, conhecida por Loke, deixou a casa alegando que ia levar o bebé para o controle no Programa Materno-Infantil (PMI), na Fazenda, na Cidade da Praia. Até hoje a mãe e filho continuam desaparecidos.
Fonte: Inforpress