A agência de notação financeira Fitch desceu o ‘rating’ de Cabo Verde para B-, com Perspetiva de Evolução Estável da economia, prevendo uma recessão de 14% este ano e a subida da dívida pública para 154%.
“A Fitch espera que a economia de Cabo Verde seja severamente afetada pelo pandemia do novo coronavírus devido à preponderância do seu setor do turismo, esperando uma recuperação lenta do setor depois da pandemia por causa do impacto na aviação e nos padrões de turismo, o que originará uma profunda recessão em Cabo Verde este ano, antes de uma recuperação em 2021”, lê-se na análise pormenorizada à descida do ‘rating’.
Antecipando um alargamento do défice orçamental, a Fitch prevê que a dívida pública de Cabo Verde “suba fortemente este ano, para 154% do PIB devido ao impacto da pandemia na economia, nas receitas fiscais e no financiamento das respostas do Governo à pandemia”, apontam os analistas, que consideram que o financiamento virá principalmente dos parceiros multilaterais e oficiais bilaterais.
“O rácio mais elevado da dívida vai resultar no aumento dos custos de servir a dívida com o passar do tempo e vai gerar riscos de refinanciamento”, dizem, alertando que se esse financiamento ficar indisponível, o Governo pode responder cortando na despesa, o que seria negativo para o crescimento e o desenvolvimento a curto prazo”.
Até à pandemia da covid-19, o rácio entre a dívida pública e o PIB, o maior entre os países analisados pela agência, tinha caído pelo terceiro ano consecutivo para 122% em 2019, depois de ter atingido o pico de 128% em 2016, o que levou a Fitch a melhorar, em dezembro, a Perspetiva de Evolução da economia, “mas esta trajetória de descida para menos de 100% em 2025 já não parece sustentável a curto prazo”.
A degradação das condições económicas, acentuadas pelas medidas de isolamento social e supressão dos voos, fazem a Fitch prever que o défice das contas públicas se alargue para 10,2% do PIB este ano, quando estava nos 2% no final do ano passado, e antever também uma forte quebra na economia.
“Uma forte contração na atividade económica é inevitável, já que o turismo representa 23% da economia, por isso prevemos uma queda de 14% no crescimento económico, num contexto em que a procura externa estanca e o consumo privado é constrangido pelas restrições à movimentação”, dizem os analistas.
O turismo internacional deve recomeçar gradualmente apenas no terceiro trimestre do ano passado, “já que mais de 80% dos turistas são originários dos Estados Unidos e da Europa, regiões onde a pandemia é mais intensa”.
Para 2021, a Fitch Ratings prevê uma forte recuperação, antevendo um crescimento do PIB na ordem dos 8,5%, que depois abrandará para uma média de 5% nos anos seguintes, apoiado pela recuperação no turismo global e nos investimentos diretos estrangeiros nos setores da aviação e do turismo.
Por: Lusa