Formação como ponto de partida para o sucesso

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Cabo Verde tem um número extraordinário de talentos para a prática do futebol comparando com o número de habitantes que o país possui. Todas as Ilhas habitadas, sem excepção, têm miúdos com talento, e muito por explorar no que consta á melhoria das suas capacidades.

 

O país deveria num curto médio prazo através da federação desenvolver em todas as associações de futebol meios que viabilizassem a organização de campeonatos nos escalões mais jovens. É desde pequenino que se adquire competências fundamentais para que um dia mais tarde este ou aquele miúdo se venha a tornar num jogador de eleição.

Muito, nos últimos anos, se tem desenvolvido o futebol da selecção nacional, Tubarões Azuis, mas muitos destes miúdos, agora homens e jogadores profissionais saíram para clubes de renome internacional ainda em idade jovem nos escalões de formação. É, pois, esta a forma de poderem desenvolver-se de forma a atingirem patamares maiores.

Saem de Cabo Verde como diamantes em bruto que precisam de se lapidar podendo acontecer o inverso da questão que é outras selecções mundiais pegarem esses jogadores e nacionaliza-los. E isso tem acontecido com frequência o que é uma pena e que espero sinceramente, opinião pessoal, que diminua com o passar dos anos. A criação de selecções jovens faz criar um próprio ADN do futebol e os atletas começam a identificar-se e sentem-se valorizados.

Todo este âmbito ajuda no desenvolvimento. Podemos facilmente perceber que Cabo Verde perde muito neste aspecto, de não dar muita atenção ao futebol jovem e precisa de se ver a formação como um ponto de partida para o êxito e sucesso. Muitos jogadores, nas diferentes ilhas, chegam a um plantel sénior muitas vezes ainda com idade de juvenil, sem nunca ter jogado futebol antes. Muitos outros começam a jogar com 18 anos, 19 e sucessivamente.

Todos notamos e observamos, não por regra mas no geral, que um jogador ao passar por todas as fazes de aprendizagem evolui muito mais e prepara-se mais facilmente para as exigências. Falo em aspectos técnicos, tácticos e principalmente mentais do qual o jogador Cabo-verdiano carece na sua maioria, não estando preparado para a adversidade das exigências do futebol de alto nível. As coisas têm mudado para melhor em toda a sua globalidade destes aspectos, mas um trabalho homogéneo em todas as ilhas deveria ser desde já posto em prática.

As escolas de futebol têm que ser vistas como um grande impulsionador da modalidade e continuamente ajudadas e incentivadas, assim como os clubes têm que ser incentivados a criar escalões jovens de formação, mas para isso tem que existir competição. A competição é a forma de crescimento. Ganhar ou perder não é o mais importante nestas idades, mesmo sabendo que é difícil de interiorizar esta forma de estar no futebol, é necessário formar os responsáveis que trabalham na formação neste sentido para que façam os miúdos crescer a fazer aquilo que mais gostam, que é jogar futebol.

As crianças são os homens de amanha e temos que olhar para elas hoje para no futuro termos o retorno necessário. Assim no futebol, assim na vida.

 

Joel de Castro