O Ministério da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde vai importar e adquirir localmente sementes de sequeiro para distribuir aos produtores mais afetadas pelos sucessivos anos de seca e pelo aumento dos preços, foi hoje anunciado.
De acordo com a diretora-geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária, Eneida Rodrigues, face à “falta de sementes e visando apoiar os criadores” afetados por “sucessivas secas e aumento dos preços dos produtos”, aquele ministério “está no processo de aquisição de sementes de sequeiro nos produtores locais”.
“Que serão colocados à disposição dos agricultores que não dispõem deste material vegetal, a preço promocional”, explicou a responsável, em conferência de imprensa, na Praia, para a apresentação da campanha agrícola 2022/2023.
“Está-se igualmente no processo de importação de sementes, sobretudo de feijões, para complementar as da produção nacional que acusa ser insuficiente para fazer face às demandas da campanha. A chegada dessas sementes está prevista para final deste mês de julho”, acrescentou Eneida Rodrigues.
Desde 2017 que o país tem enfrentado sucessivos anos de seca, com consequente redução da produção agropecuária e do rendimento das famílias, especialmente no meio rural, contribuindo também para a deterioração da segurança alimentar e nutricional das famílias e para a redução da disponibilidade da água para o abastecimento público e para a agricultura irrigada.
Em fevereiro último, o Governo declarou situação de calamidade no país até 31 de outubro, devido aos maus resultados do ano agrícola, e anunciou medidas preventivas e especiais.
“Acredita-se que muitos produtores dispõem de sementes das principais espécies cultivadas no sequeiro, como milho, feijão pedra, feijão bongolon, feijão sapatinho e feijão congo, e que estas estejam disponíveis no mercado nacional tendo em conta a produção da campanha anterior”, explicou a responsável, embora admitindo que em concelhos de importante produção agrícola, como Ribeira Grande de Santiago, Porto Novo e Ribeira Grande de Santo Antão essa disponibilidade de sementes “a nível local é fraca”.
Acrescentou que dos levantamentos feitos junto dos produtores a nível nacional, “conseguiu-se apurar que estão disponíveis para venda” 36.440 litros de sementes de milho, 2.583 litros de feijão pedra, 3.782 litros de bongolon, 520 litros de feijão sapatinha e 995 de feijão congo, além de 1.403 de feijão fava e 447 litros de mancara.
Alertou ainda que nesta campanha agrícola “acredita-se” que “haverá eclosões significativas do gafanhoto” nas ilhas de Santiago, Maio e Boa Vista, “tendo em conta a população anormal dessa praga em 2021”, estando em curso um tratamento através de um “pesticida biológico”.
Para a campanha agrícola 2022/2023, nomeadamente no apoio aos produtores na aquisição de sementes ou com medidas já em curso de combate e controlo de pragas, entre outras, o orçamento do Ministério da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde ronda os 64,9 milhões de escudos (600 mil euros).
Por: Lusa