O ministro das Finanças, Olavo Correia, anunciou hoje que o Governo tem 13,5 milhões de euros depositados na Caixa Económica para indemnizar os trabalhadores da TACV-Cabo Verde Airlines e desafia a oposição a pedir extracto da conta na Caixa.
Olavo Correia, que fez este anúncio no encerramento do debate sobre os transportes aéreos em Cabo Verde, a pedido do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), desafiou os deputados deste partido a pedir extracto do montante depositado na Caixa.
“Já começámos com as cartas para a pré-reforma e, nos próximos 15 dias, teremos condições para todos aqueles que queiram iniciar uma nova vida, possam ter uma indemnização nos termos da lei”, afirmou o governante, para quem os 13,5 milhões de euros (1,4 milhões de contos) vão ser injectados na economia em defesa dos direitos dos trabalhadores da transportadora aérea nacional.
No concernente às informações solicitadas pelos deputados do PAICV, garantiu que estas vão ser disponibilizadas em “sede da Comissão Parlamentar de Inquérito” que, neste momento, está em curso.
“Os senhores passaram 15 anos deitados no sofá a olhar para o céu, nada fizeram, deixaram o barco afundar e, agora, são treinador de bancada, querendo dar lições em como a empresa (TACV) pode ser gerida”, afirmou Olavo Correia, numa referência à governação do partido da estrela negra.
Segundo Olavo Correia, a governação do PAICV deixou TACV “falida, mal gerida e sem perspectiva”.
De acordo com o ministro, só a liquidação da TACV “está estimada em mais de 60 milhões de euros”.
Para o vice-presidente da bancada parlamentar do PAICV, Rui Semedo, do debate pode se depreender que o Governo de Ulisses Correia e Silva “não quer mesmo facultar as informações sobre os negócios feitos com a Binter e a Icelandair”.
“Ao não fornecer as informações solicitadas, o Governo confirma que os negócios não estão a ser transparentes e que neste mato, certamente, há muitos coelhos”, ironizou, ao mesmo tempo que perguntava sobre o que o executivo “estará a fazer de tão grave que o povo não pode saber”.
O deputado “tambarina” perguntou, ainda, se não se está a “entregar de bandeja (a terceiros) o património dos cabo-verdianos”.
“Em vez de apresentar os documentos (contratos) existentes à oposição e ao presidente do Parlamento para os mandar distribuir aos deputados, o Governo e a bancada que o suporta vem com manobras de diversão”, precisou o parlamentar da oposição que acusa o executivo de “se refugiar atrás da antiga TACV”.
Na perspectiva do Rui Semedo, “sempre que o Governo é questionado sobre os “contornos do negócio com a Binter, responde com a pesada herança dos TACV”.
“Com a atitude do Governo a Constituição entrou de férias, as leis entraram de férias e a maioria sufragou esta decisão”, realçou, referindo-se à “violação da carta magna” da República e demais leis do país, quando o executivo se recusa a disponibilizar dados atinentes aos negócios com a Binter-CV e a Icelandair.
Em nome do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD-poder), coube ao deputado Carlos Lopes fazer o encerramento deste debate, que considera que a interpelação ao Governo solicitada pelo PAICV “peca na sua essência e objectividade” com o propósito de “confundir a opinião pública cabo-verdiana”.
O PAICV, prossegue, “simplesmente lança suspeições sobre os processos referentes às medidas que visam a reestruturação e privatização com um conjunto de argumentos infundados”.
Para Carlos Lopes, o partido da estrela negra é “contra o privado e o investimento estrangeiro”.
“Com o novo Governo não há nenhum sinal de falta de transparência na gestão dos transportes aéreos. Aquilo que traz o PAICV é mera tentativa de um trabalho de figurino de detective aos actos do Governo”, sublinhou Carlos Lopes.
Por: Inforpress