A Guiné Equatorial advertiu hoje o ministro da Cultura cabo-verdiano para que respeite a “não-ingerência nos assuntos internos” de Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), após críticas à presença daquele país no bloco lusófono.
O ministro da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, “deve ter presente, enquanto ministro, que um dos princípios fundamentais da CPLP é a não-ingerência nos assuntos internos dos Estados-membros”, lê-se num comunicado enviado à Lusa pela missão permanente da Guiné Equatorial junto da organização lusófona.
As autoridades de Malabo consideram que, com esta posição, Abraão Vicente “questionou a decisão dos Estados-membros da CPLP quanto à integração da Guiné Equatorial na comunidade, presumiu a ausência de liberdades democráticas no país e ignorou os esforços realizados na promoção e ensino da língua portuguesa, bem como a recente ratificação dos estatutos”.
Para a Guiné Equatorial, as declarações “fora de contexto” do ministro cabo-verdiano “não reflectem a opinião oficial do seu Governo”.
“Após a integração, a palavra-chave é acompanhamento à Guiné Equatorial como novo Estado da comunidade”, refere a nota da missão chefiada por Tito Mba Ada, simultaneamente acreditado como embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa e na Praia (Cabo Verde).
“Esperamos que a próxima declaração do ministro seja para anunciar o envio de vários contentores de livros e dicionários para promover o ensino da língua portuguesa na Guiné Equatorial e material didáctico para as crianças”, acrescentam os equato-guineenses.
Na nota, as autoridades de Malabo anunciam que enviaram ao ministro cabo-verdiano um convite para visitar a Guiné Equatorial, acompanhado por meios de comunicação social, de forma a “desintoxicar a sua visão parcial sobre um país amigo de Cabo Verde”.
A Guiné Equatorial, diz ainda o comunicado, “vem confirmar a sua determinação de fortalecer, ainda mais, as excelentes relações de amizade e cooperação com Cabo Verde, país irmão, amigo e aliado” e que “vem acompanhando a integração” deste país na CPLP.
A Guiné Equatorial é liderada desde 1979 por Teodoro Obiang Nguema, cujo regime é reiteradamente acusado por organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.
A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Fonte: Lusa/Inforpress