Este artigo surge na sequência da entrevista ou depoimento do artista Zeca de Nha Reinalda ao portal NobidadeTV.
Mais de 18 mil pessoas já viram o video que foi divulgado por outros órgãos de comunicação social. Fui censurado pelo Nobidadetv. Mandei o artigo de opinião sobre o assunto que nunca foi publicado. Por esta razão decidi deixar de colaborar com o referido órgão de informação. Achei por bem reagir ao que, no meu entender, como um cidadão atento, acho errado.
Tal foi o meu espanto quando verifiquei que dias depois foi divulgado outro artigo de opinião sobre o mesmo assunto do activista Carlos Tavares. Porque será? Eis o link do artigo de Carlos Tavares: ZECA DI NHA REINALDA: sofrendo nas mãos dos dirigentes ventoinhas – http://nobidadetv.com/archives/9720 Devido a esta censura, na minha página pessoal no Facebook comentei: “Porque razão a NobidadeTV não publicou o meu texto enviado antes do Carlos Tavares? Com todo o respeito pelo video publicado pelos meus amigos e colegas, penso que foi um trabalho incompleto.
O meu artigo de opinião apresenta outra versão e leitura do testemunho de Zeca De Nha Reinalda.
Ao tomar conhecimento da história exclusiva publicada pelo portal NobidadeTV, contada por Zéca de Nha Reinalda, que disse ter sido perseguido e sem contrato musical no período 1996-2000, depois de algumas pesquisas, cheguei a conclusão que a história está mal contada.
A peça pode ter duas interpretações: uma em termos sentimentais, que pela própria imagem revela a sensibilidade do artista, aparentemente bastante abatido; outra em termos da razão que revela uma certa omissão de informação. Acredito que a minha pesquisa e relato podem não ir de acordo com a opinião de muita gente mas, em nome da liberdade de expressão e verdade, não posso deixar passar em branco o que entendo ser errado.
Deixo claro que tenho todo o respeito e a admiração por Zéca De Nha Reinalda, “O Rei do Funaná”, como homem e artista. Contudo há que separar o sentimento do homem e o talento do artista.
CONTRAPONTO SOBRE DEPOIMENTO DE ZÉCA DE NHA REINALDA
Creio que a história do Zéca de Nha Reinalda pecou por deficiência. No depoimento ele não refere sobre o período 1990-1995, certamente época de vacas gordas, onde ele ou o grupo Finaçon, acredito, por mérito próprio, ganhou mais notoriedade e conseguiu a maior projecção de sempre. O conjunto Finaçon viajou por várias partes, bateram “record” e subiram em palcos outrora impensáveis. Eis um pouco sobre a informação desse período publicado on-line pelo portal “Nos Genti”:
“Gravam em Maio de 1990 o original “Si Manera” que os catapultou para o sucesso e para a ribalta. Em França, pela mão dos Finaçon, os meses de Setembro e Outubro de 1990 foram como que um tributo a Cabo Verde. Pela primeira vez na história, um grupo musical cabo-verdiano teve lugar de destaque em jornais como o Lê Monde e as estações de rádio e de televisão emitiram o Si Manera quase até à exaustão. Toda a imprensa francesa faz referência a este grupo cabo-verdiano e o tema “Si Manera” ocupou durante semanas consecutivas o quarto lugar do “Top 18″ francês. A digressão dos Finaçon por terras gaulesas foi um enorme sucesso e constituiu um dos primeiros passos para a internacionalização da música de Cabo Verde. A consagração do sucesso dos Finaçon foi a actuação no Zenith, com Gilberto Gil. O “Si Manera” fez posteriormente parte do disco Funaná lançado em finais de 1990.
A discografia dos Finaçon ficaria completa com os álbuns Farol (1992), Simplicidade (1994) e Kel Ki Ta Da, Ta Da (1995).” http://www.nosgenti.com/?p=3315
DÚVIDAS: Ficam as seguintes perguntas: Quem pagava as despesas do Finaçon na altura? Quem facilitava as deslocações, dispensas de trabalho, vistos, etc…? A partir de 1996, período criticado por Zéca de Nha Reinalda, surgiu o grupo musical Ferro Gaita que com mais agressividade empresarial e cultural ganhou maior visibilidade e aceitação por parte do público cabo-verdiano. http://muzika.sapo.cv/novidades/somos-como-uma-familia-iduino
1- Período 1990-1996: (1.1) Não acredito que qualquer grupo em Cabo Verde tivesse meios para fazer tanta coisa sem o apoio ou patrocínio das entidades cabo-verdianas. (1.2) Não será que Finaçon foi, também, privilegiado em detrimento doutros grupos?
2 – 1996-2000: (2.1) É entendível que o grupo Financon tenha perdido terreno. (2.2) Não é aceitável que o grupo ou o artista tivesse sido perseguido ou sequer discriminado.
MAIS DÚVIDAS: Em relação ao período 1990-1996, qual o desentendimento que, de facto, existiu entre Finaçon / Zéca de Nha Reinalda e o governo, instituições ou elementos ligados ao partido no poder? Na altura estava no poder o MpD, actualmente na oposição, tendo como empresário do grupo Ferro gaita, Gugas Veiga, filho do ex-primeiro ministro, Carlos Veiga. Espero que estes dados possam ajudar a entender melhor esta história “Mal Contada”.
Espero ter contribuído em nome da verdade informativa e não politizada.
Pedro Ben’Oliel Chantre