A ilha do Fogo registou os primeiros casos do novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, informou hoje o director do hospital regional São Francisco de Assis e da região sanitária, Evandro Monteiro.
Trata-se de duas mulheres do concelho dos Mosteiros com idade entre 40 e 65 anos que estão hospitalizadas no São Francisco de Assis há pelo menos oito dias, com “estado clínico actual estável”, mesmo para uma das pacientes que estava inicialmente “mais grave”, mas que “melhorou significativamente” e agora já não tem necessidade de uso de oxigénio, segundo Evandro Monteiro.
Uma das pacientes entrou sem outra sintomatologia de covid-19 e sem problemas respiratórias, mas durante o internamento começou a apresentar outra sintomatologia que levou a realização do teste PCR, já que o teste rápido acusou negativo, enquanto a outra paciente entrou com sintomatologia de covid-19.
Quer uma como outra passaram primeiro pelo Centro de Saúde dos Mosteiros e depois encaminhadas para o hospital regional onde antes do internamento foram submetidos a testes rápidos, à semelhança do que é feito a todos os pacientes que ficam hospitalizados, seguido de recolha de amostras para testes PCR, cujos resultados hoje conhecidos deram positivo.
O director do hospital regional indicou que após o conhecimento do resultado foi desencadeado um processo investigativo, observando que existem duas etapas, sendo uma intra-hospitalar e a outra a nível da comunidade, que é feita pelas delegacias de saúde, sempre em articulação com o hospital.
Evandro Monteiro indicou que a nível do hospital todo o pessoal que teve contacto com as duas pacientes, embora desde o primeiro momento estavam preparados para minimizar o risco de contactos, são submetidos a testes, calculando que entre os profissionais e os doentes internados no mesmo serviço em que as pacientes se encontravam o número de pessoas deve situar-se entre 40 e 50.
No processo investigativo a questão de origem será analisada, mas para o director do hospital neste momento o problema de origem não se coloca, porque há muitas pessoas que vieram de outras zonas e o risco é real e as estruturas de saúde estavam à espera disso.
“Vamos analisar no processo investigativo os contactos directos e indirectos, os trabalhadores de saúde e desenvolver todo o processo”, disse Evandro Monteiro, para decidir quem vai ficar internado no hospital, no isolamento institucional ou domiciliária
Com o surgimento dos primeiros casos, um mês depois da reabertura das ligações aéreas e marítimas de e para a ilha do Fogo, Evandro Monteiro disse que muita coisa vai mudar, sendo que a nível interno do hospital vai-se redobrar a implementação das medidas, como a circulação desnecessária de pessoas no hospital, a correcção da forma errada de utilização da máscara e o seu uso obrigatório para não colocar em risco os profissionais de saúde e outros.
Segundo o mesmo, há que redimensionar topo o serviço de urgência, porque o hospital tem de ter médicos à disposição para o espaço de isolamento, redistribuir os enfermeiros e redefinir toda a programação dos serviços de radiologia e laboratório.
Na sequência do aparecimento dos primeiros casos foi convocada uma reunião em regime de urgência para terça-feira, 18, nos Mosteiros, com todos os responsáveis do sector de saúde, incluindo administradores, delegados de saúde, responsáveis dos centros de saúde e chefes de enfermeiros no sentido de traçar caminhos a seguir a partir de agora, com possibilidade de reunião na terça ou quarta-feira de um outro encontro de carácter regional e nacional com a mesma finalidade.
Segundo o mesmo é necessário analisar as questões logísticas, desde o isolamento hospitalar, extra-hospitalar, domiciliar, situações que devem ser avaliadas pelos médicos, delegados de saúde, assistentes sociais, psicólogos, para ver se uma pessoa tem condições para isolamento domiciliar.
Evandro Monteiro indicou ainda que neste momento não se fala de situações hipotéticas, mas com casos reais na ilha e por isso volta a apelar a população para cumprir e respeitar as regras e medidas indicadas pelas autoridades sanitárias e “marcar a diferença” para vencer a nova fase de saúde na ilha.
Neste momento, os testes PCR são feitos na Cidade da Praia, mas o director do São Francisco disse acreditar que “o quanto antes” haverá a possibilidade de realizar os testes no Fogo para ter “uma visão e orientação melhor”, observando que alguns equipamentos necessários para que isso aconteça já foram encomendados.
Por: Inforpress





