Oitenta e oito dos noventa migrantes que há 18 dias deram à costa no farol de Morro Negro, no Norte da Boa Vista, numa piroga, foram hoje repatriados em dois aviões militares com voos especiais para Senegal.

Entre silêncio e lágrimas, os imigrantes saíram do pavilhão Seixal onde se encontravam alojados e assistidos durante 18 dias, depois de darem à costa da Boa Vista a 13 de Janeiro, a bordo de uma piroga que tinha zarpado da Gambia, 25 dias antes.

Antes da partida do pavilhão Seixal, a vereadora de Acção Social da autarquia local, Fabienne Oliveira, afirmou que desde início todos os envolvidos estavam cientes da complexidade deste processo, tendo em conta a forma como os imigrantes deram à costa da ilha, em situação de debilitação física e psicológica.

“Mas acreditamos que saímos vitoriosos e estamos todos de parabéns e orgulhosos como esta operação teve o desfecho”, disse, agradecendo a sociedade civil, aos líderes comunitários, a Proteção Civil, toda a equipa da câmara, entidades religiosas, serviços de saúde, parceiros locais, estabelecimentos hoteleiros e Polícia Nacional que auxiliaram a edilidade a organizar a logística deste processo.

“Da nossa parte acreditamos que fizemos um bom trabalho, feito de coração e de alma. Por isso, o desfecho positivo, e hoje regressam aos países de origem. Auguramos que tenham uma boa viagem e se no caso quiserem regressar à ilha, que seja pela via e forma legal”, perspectivou, garantindo que, neste caso, serão bem acolhidos e integrados na ilha da Boa Vista.

A autarca reiterou os agradecimentos a todos que se mobilizaram para apoiar esse processo, bem como à Organização Internacional das Migrações, à Alta Autoridade para a Imigração (AAI) e ao Governo, aos quais apelou que trabalhem lado a lado, de forma fortificada, na procura de soluções para questões de imigração.

Os migrantes que estiveram à deriva no alto mar durante 25 dias partiram da Gâmbia com destino à Europa (Espanha), segundo os mesmos devido a dificuldades financeiras e económicas que enfrentavam nos países de origem.

O imigrante Mohamed disse que parte com sentimento de alegria, por ter sido ajudado durante os dias que esteve na ilha da Boa Vista, onde foram acompanhados para recuperação das condições físicas debilitadas com que chegaram a Cabo Verde.

“Não nos faltou nada, nem comida, nem roupa e tivemos onde dormir, enfim estivemos todos bem. Damos graças a toda a colaboração de Cabo Verde, sobretudo, ao município de Boa Vista, que fez um grande trabalho para nós, dado as condições que tivemos. Estamos satisfeitos. Obrigado!”, manifestou, sublinhando ser esta a sua quinta e última tentativa de chegar à Europa, e que, ao chegar ao Senegal, pretende se dedicar a algum tipo de negócio.

“Muito obrigada a todos os cabo-verdianos, desde que chegamos aqui fomos bem tratados e não nos faltou nada. Ficamos também igualmente contentes com a comunidade africana na ilha que nos ajudou muito”, frisou o imigrante Almani.

Entretanto, antes da partida dos imigrantes, no aeroporto internacional Aristides Pereira, à Inforpress ficou a saber que houve um impasse, tendo em conta que dois deles, supostos comandantes da piroga, ficaram na ilha, detidos no Comando da Polícia Nacional e que este caso se encontra agora sobre a alçada da justiça.

Por: Inforpress