Janira Hopffer Almada: “É normal que haja um código de ética mas que não venha amordaçar os jornalistas”

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A líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) defendeu hoje que é normal que os jornalistas da Rádio Televisão Cabo-verdiana (RTC) tenham um código de ética, mas que este não sirva para os amordaçar.

Janira Hopffer Almada, que fez essa afirmação em declarações à imprensa à margem de um encontro que uma delegação do PAICV manteve hoje com a Associação dos Proprietários de Táxis da Praia, sublinhou que da primeira leitura que já fez da proposta “ficou claro” que “só poderia causar onda de indignação e de repúdio”, não só à classe jornalística, mas também à própria sociedade civil

“Entendemos que é perfeitamente normal que haja um Código de Ética, mas que não venha amordaçar os jornalistas, não venha ferir a liberdade de expressão e não venha condicionar a liberdade de imprensa”, reagiu, assim, a líder do maior partido da oposição em relação à proposta do novo Código de Ética e Conduta dos jornalistas da RTC.

Segundo ela, uma primeira leitura feita à proposta demonstra que a mesma é um “grande desrespeito” pelos cabo-verdianos, visto que Cabo Verde tem sido um país “reconhecido a nível mundial” pela sua forma de ser e de estar, pela sua capacidade de gerir, pelo respeito que tem pelos direitos, liberdades e garantias, e também pela sua democracia.

“Estamos a constatar, infelizmente, que o Estado de Direito Democrático está a sofrer ataques explícitos que podem pôr em causa muitas coisas, e esta proposta de Código de Ética e Conduta é de todo preocupante pela forma como foi dirigida, e que não se venha tentar convencermos de que se tentou implementar sistemas de outras paragens”, frisou.

Para Janira Hopffer Almada, nenhum sistema pode ser implementado em Cabo Verde “passando por cima da lei mãe”, que é a Constituição da República.

Entretanto, garantiu que o seu partido irá fazer uma leitura “mais aprofundada” do documento apresentado pelo Conselho de Administração da empresa, para depois apresentar as suas ideias, acompanhadas de propostas

A proposta do Código de Ética e Conduta dos jornalistas da RTC já foi repudiada pela classe, visto que, por exemplo, em relação à vida pública desses profissionais, pode ler-se que “nenhuma actividade fora do ar, incluindo escrever para jornais, revistas ou sites, escrever livros, dar entrevistas, fazer discursos ou discursar em conferências deve levar a qualquer dúvida sobre a objectividade ou a integridade de seus trabalhos para a RTC”.

Continua, “se os jornalistas e equiparados, apresentadores, animadores de antena, ou repórteres da RTC expressarem publicamente opiniões pessoais fora do ar sobre questões controversas, seu dever editorial de imparcialidade e isenção pode ficar severamente comprometido”.

Por: Inforpress