José Maria Neves aconselha funcionários estrangeiros a não se imiscuírem nos assuntos do país

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O Primeiro-Ministro (PM) de Cabo Verde, José Maria Neves, utilizou as redes sociais para aconselhar funcionários estrangeiros em Cabo Verde. Utilizando o Facebook na noite de ontem, José Maria Neves aconselhou os funcionários estrangeiros em Cabo Verde a não se imiscuírem nos assuntos político-eleitorais do país. “Devemos aconselhar os funcionários estrangeiros residentes no país a se absterem de comentar, muitas vezes de modo paternalista e inapropriado, e de imiscuir nos assuntos internos, máxime nos político-eleitorais. Cabo Verde é um estado de direito democrático e um país credível na arena internacional”, escreveu José Maria Neves na sua página pessoal no Facebook. Tal publicação tem haver com o facto de uma delegação composta por chefes das missões diplomáticas de Espanha, França, Luxemburgo e Portugal, liderados pelo representante da União Europeia em Cabo Verde, José Manuel Pinto Teixeira, se terem reunido, na Praia, com o líder do Movimento para a Democracia (MpD), maior partido da oposição, na manha desta quarta-feira. Depois da referida reunião, e em declarações aos jornalistas, o representante da UE disse esperar que “um país como Cabo Verde, de rendimento médio, que tem uma parceria especial com a União Europeia baseada numa partilha de valores, disponibilize os fundos necessários para a preparação dos processos eleitorais” de 2016. O delegado da UE em Cabo Verde afirmou ainda o compromisso de acompanhar o processo eleitoral, fazendo votos para que “se desenrole da melhor forma possível para que a credibilidade de Cabo Verde em termos da sua democracia continue a ser reforçada”. Na mesma conferencia, o presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, considerou que após 25 anos de democracia em Cabo Verde, o sistema eleitoral devia ser isento de contestação, defendo a passagem da tutela do processo do Ministério da Administração Interna para a Comissão Nacional de Eleições. “A CNE é um órgão que emana do parlamento, tem representação de todos os partidos, permite um maior controlo do processo eleitoral, de recenseamento e da base de dados. Hoje não temos isso. Há uma supremacia do Governo e da administração relativamente a todo o controlo do processo eleitoral que nos preocupa”, disse. No mesmo post, José Maria Neves respondeu da seguinte forma: “O sistema eleitoral cabo-verdiano, sob a direcção superior da Comissão Nacional de Eleições, converge técnica e normativamente com a maioria dos países da União Europeia e tem permitido eleições livres e transparentes, designadamente a de Ulisses Correia e Silva, em 2008 e 2012, ao cargo de Presidente da Câmara Municipal da Praia, e a de Jorge Carlos Fonseca a Presidente da República, em 2011. Não se pode, nesta altura, sob pena de descredibilizar e fragilizar as instituições da República, levantar suspeitas e por em crise o actual sistema, resultado de amplo consenso.” Cabo Verde realiza este ano eleições legislativas, autárquicas e presidenciais. Fonte: Agência Lusa