O ex presidente do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), José Maria Neves, utilizou as redes sociais para falar sobre o partido que esteve no poder durante 15 anos.
Na qualidade de ´simples militante de base´, José Maria Neves dirigiu, através da sua página pessoal na rede social Facebook, uma mensagem aos ´camaradas e amigos´ do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), de que foi presidente durante mais de 15 anos.
«O partido vive momentos conturbados e graves, que podem levar-nos, inexoravelmente, à marginalidade política. Qualquer acha pode atear a fogueira. O debate é preciso», sustentou.
José Maria Neves sublinhou que Cabo Verde ´precisa de um PAICV coeso, forte e efetivo na oposição democrática´.
A tomada de posição do antigo primeiro-ministro de Cabo Verde surge depois da demissão de 13 dos 18 membros da comissão política regional de Santiago Sul (CPRSS) por alegadas incompatibilidades com o presidente da comissão, Nelson Centeio, que acusou a atual presidente do partido, Janira Hopffer Almada, de ter pressionado as demissões e de promover a instabilidade na maior região política.
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), liderado por Janira Hopffer Almada, perdeu as eleições legislativas de março de 2016, tendo registado desde então vários momentos de contestação à atual liderança, que foi legitimada em eleições internas em janeiro deste ano.
Publicação de José Maria Neves na integra:
“Por Amor a Terra
Caros Camaradas e Amigos do PAICV,
Estou longe, sou um simples militante de base, e escrevo-vos estas públicas e curtas linhas, o espaço não me permite mais, para tratar de assuntos que são de natureza pública e de primordial importância para o nosso país.
Cabo Verde vive momentos graves!
Precisa de um Governo forte, dialogante, sensível e efetivo.
Mas também precisa de um PAICV coeso, forte e efetivo na Oposição Democrática.
Sem apontar o dedo a ninguém, sem menosprezar os erros – pelo contrário, procuro superá-los, com eles aprender e olhar sempre em frente -, devo reconhecer, todavia, que o Partido vive momentos conturbados e graves, que podem levar-nos, inexoravelmente, à marginalidade política. Qualquer acha pode atear a fogueira.
O debate é preciso!
Em democracia, os partidos têm “paredes de vidro” e são abertos às ideias de todas e de todos os militantes e de cidadãos independentes engajados, que podem fazê-las irromper na esfera pública para diálogo. Qualquer discussão interna, em qualquer organização política democrática, notadamente se for em torno de pessoas, é pública, nos tempos que correm. Não tenhamos ilusões. O problema não está, pois, na natureza publica ou interna da discussão. O problema está no tipo de discussão que fazemos.
Debate, sim, pois! Interno e público.
Mas debate de ideias e não de pessoas. Enquanto continuarmos a discutir pessoas, seja em que plano for, seja quem quer que seja, estaremos a contribuir para a destruição do PAICV.
Se quiseres participar nos debates, em qualquer fórum, não ataque pessoas, não ofenda, não procure destruir ninguém. Não busque “excesso de razão” para ti. Não se faz a política com ódio, raiva ou ressentimento.
Um partido societário é uma escola de cidadania, um espaço de liberdade, de tolerância e de debate livre de ideias.
O PAICV não sou eu, somos nós!
Luta pelas tuas ideias, com elevação, honestidade intelectual, elegância e nobreza de espirito. Todos somos imprescindíveis para o combate de ideias que é necessário continuar a fazer.
Viva o PAICV!
Viva Cabo Verde!”
Por: Lusa/DTudo1Pouco