Lúcio Antunes: “Só voltava ao futebol para trabalhar com José Mourinho”

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O ex-seleccionador da selecção de Cabo Verde numa entrevista ao jornal desportivo ‘O Jogo’falou sobre a sua experiência como treinador do Progresso em Angola e disse, em tom de brincadeira, que voltará ao futebol mas só se for para trabalhar com o ‘Especial One’.

Sobre as hipóteses de voltar a treinar Cabo Verde, Lúcio Antunes, não fechou as portas mas afirmou que já cumpriu a missão que se propôs no futebol enquanto treinador.

Excerto da entrevista:


Depois da gloriosa CAN”2013 e da rábula do Mundial, porque decidiu deixar o comando da seleção de Cabo Verde?

-Achei que o meu ciclo na selecção tinha terminado, que era o momento ideal para sair. Depois de terminar o contrato ainda fiz mais três jogos, mas entretanto saí e recebi uma proposta milionária para treinar o Progresso, em Angola.

Mas a experiência em Angola não correu tão bem…

-A equipa não era tão boa como eu tinha pensado. Se calhar, foi um erro meu ter aceitado o desafio sem conhecer a equipa. Começámos bem, mas depois fomos caindo – os objectivos passavam por ficar entre os cinco primeiros, e acabámos em nono. Mas chegámos às meias-finais da Taça pela primeira vez na história do clube e ganhámos às melhores equipas de Angola – o problema foram os muitos pontos perdidos com as equipas mais fracas, especialmente em casa. Depois, o contrato acabou e voltei para o meu trabalho como controlador aéreo.

E entretanto nunca mais voltou a treinar. Para quando o regresso?

-Sinceramente, tive propostas mas por agora não penso voltar. Acho que já fiz o meu percurso e atingi o topo, que foi ser seleccionador de Cabo Verde e chegar onde chegámos. Quando era criança, havia muitas piadas em Cabo Verde sobre a selecção ser fraca, como “Quando é que Cabo Verde vai estar num Mundial? Em 2042!” e coisas do género. Não a consegui levar ao Mundial, por aquilo que já se sabe, mas mostrei às pessoas que é possível. Fomos a uma CAN pela primeira vez, chegámos aos quartos de final e mostrámos que Cabo Verde pode bater-se com qualquer equipa.

Nem uma eventual proposta da Europa o seduzia?

-Só se fosse para trabalhar com o Mourinho [risos]! Aí, eu ia logo! Por agora, prefiro ficar perto da família no meu trabalho nos aviões. Além disso, sou instrutor da CAF e da FIFA, dou formações. É isso que me fascina mais, a sala de aula, o poder ensinar, exemplificar e mostrar como se faz a quem quer aprender. Mas as pessoas não me esquecem, quando me encontram na rua fazem uma festa e continuam a pedir para voltar à selecção.