Lucros da Caixa Económica de Cabo Verde caíram 25% em 2020 para 6,3M€

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Os lucros da Caixa Económica, um dos maiores bancos de Cabo Verde, caíram mais de 25% em 2020, para 6,3 milhões de euros, segundo o relatório e contas da instituição, a que a Lusa teve acesso.

De acordo com o documento, esta quebra nos resultados, após lucros históricos de mais de 940,8 milhões de escudos (8,5 milhões de euros) em 2019, resulta do “reforço prudencial das imparidades, com o objetivo de acomodar o impacto negativo duma eventual degradação da carteira” de crédito da Caixa Económica de Cabo Verde, devido à crise provocada pela pandemia de covid-19.

Assim, o resultado líquido do exercício ultrapassou os 702,3 milhões de escudos (6,3 milhões de euros) em dezembro de 2020, evidenciando uma diminuição de 25,35% face a 2019, com a administração a voltar a não propor distribuições de dividendos, como no ano anterior, para salvaguardar eventuais impactos da crise económica, aplicando o lucro em resultados transitados para 2021 e em reservas obrigatórias.

“Face às incertezas existentes relativamente à evolução do crédito vencido, as dotações de provisões e imparidades do exercício foram significativamente reforçadas em 2020, tendo atingido o valor de 904.234 contos [904,2 milhões de escudos, 8,2 milhões de euros], registando com um crescimento de 106,44% em relação a 2019”, destaca a administração da Caixa Económica.

O banco, que no ano passado manteve “uma posição de destaque” no sistema bancário cabo-verdiano, com uma quota de mercado de 33%, reconhece ainda enfrentar um problema de excesso de liquidez: “Continua a enfrentar o desafio de encontrar oportunidades bancáveis para a aplicação do seu excesso de liquidez, que continua elevado, traduzido num rácio de liquidez geral de 35,77% no final do ano [de 2020]”.

A Caixa Económica é detida maioritariamente pelo Estado cabo-verdiano, através de uma participação direta no capital social, pelo Ministério das Finanças, de 27,44%, mas também pelo Instituto Nacional de Previdência Social, com uma quota de 47,21%, e pela empresa pública Correios de Cabo Verde, com uma participação de 15,14%.

Em 2020, o ativo líquido da Caixa Económica cresceu 2,51% em termos homólogos, para mais de 79,9 mil milhões de escudos (724,4 milhões de euros), enquanto os depósitos totais aumentaram 2%, para 72,7 mil milhões de escudos (659,1 milhões de euros).

Já o crédito bruto a clientes registou um crescimento de 6,73%, atingindo 42,7 mil milhões de escudos (387,1 milhões de euros) e os indicadores da qualidade da carteira de crédito registaram “uma ligeira melhoria” em relação a 2019, tendo o rácio de crédito vencido diminuído 0,54 pontos percentuais, passando para 13,04% do total em 2020.

A Rendibilidade dos Capitais Próprios (ROE) da Caixa Económica foi 12,91% em 2020, evidenciando uma diminuição de 7,25 pontos percentuais, explicado pela diminuição do resultado líquido.

“O exercício 2020 foi globalmente positivo para a Caixa Económica, tendo contribuído para o reforço da sua robustez como instituição de referência no sistema financeiro nacional, através dos seus principais indicadores económicos e financeiros”, reconhece ainda a administração, na mensagem que consta do relatório e contas.

Os capitais próprios aumentaram 13,8%, para mais de 5,7 mil milhões de escudos (51,6 milhões de euros) em 2020, e o Rácio de Solvabilidade registou cresceu 1,52 pontos percentuais, para 18,89%, “confortavelmente superior ao mínimo regulamentar em vigor que é de 12% e que no âmbito das medidas de mitigação dos impactos da covid-19, foi reduzido temporariamente para 10%”, recorda a administração.

O rácio de “Cost to income”, medida para aferir a eficiência dos bancos, fixou-se em 47,01% em 2020, diminuindo 1,88 pontos percentuais face a 2019, um “nível historicamente baixo, explicado essencialmente pela diminuição dos gastos administrativos”.

A Caixa Económica contava com 377.140 clientes, um crescimento de quase 3,9% face ao ano anterior, e fechou 2020 com um total de 371 trabalhadores.

Por: Lusa