Não é de hoje que as declarações de Abraão Vicente, Ministro da Cultura e Indústrias Criativas, e que tutela a Comunicação Social cabo-verdiana, tem vindo a indignar os jornalistas. Desta feita, uma nova declaração do Ministro fez com que a jornalista Margarida Fontes expressasse o seu descontentamento.
Ontem, 01 de Março, o Ministro utilizou a sua pagina pessoal do Facebook para falar sobre a RadioTelevisão Cabo-verdiana (RTC) dizendo que está mudou, pois ela estava “condicionada aos pré- preconceitos ligados à intervenção da tutela”.
“No jornalismo e qualidade do jornalismo/informação ninguém mete, mas no modelo de negocio da empresa as linhas diretrizes são claras: criar conteúdos, internacionalizar a marca Cabo Verde, internacionalizar os criadores e os produtos cabo-verdianos. É nisso que estamos a trabalhar afincadamente“, esclareceu o Ministro.
Depois parabenizou a RTC pela transmissão do Carnaval em São Vicente dizendo que sob a tutela do seu ministério, “a RTC vai cumprir o seu verdadeiro desígnio de servir Cabo Verde e o novo modelo de negocio da empresa visa transformar a RTC numa empresa moderna, eficiente e capaz de produzir e difundir conteúdos diversificados. A nossa visão é claramente empresarial e de futuro.”
No final do seu post, e é aí que causou a revolta, Abraão Vicente diz que é normal a resistência a mudanças, e crê que a nova geração de jornalistas “que brevemente entrará no mercado” saberá acompanhar os novos tempos da empresa.
“O futuro é dos que inovam e nunca dos conservadores” e foi esta parte do post que não caiu no agrado da jornalista da RTC, Margarida Fontes.
https://www.facebook.com/abraao.vicente.9655/posts/10155870922839867
A jornalista, também fazendo uso do seu perfil no Facebook, disse que o Ministro “pensa que é director de conteúdos da Rádio e Televisão Públicas, acaba de fazer ameaça de despedimento a “jornalistas conservadores” ou seja, a jornalistas que respeitam o código deontológico da profissão, têm consciência profissional consolidada, e não se deixam intimidar pelo Sr. Ministro e seus acólitos”.
“Para o seu governo, Sr. Ministro, os seus actos nunca provocariam resistência alguma, mormente desses jornalistas que o senhor teima em provar que não são a sérios. Saiba que uma profissão como o jornalismo não sobrevive sem o contributo da memória de diferentes gerações, em parte alguma”, esclareceu a jornalista que há vários anos está na RTC.
“Mas o Sr. não se dá com o jornalismo, e nem se predispõe a reconhecê-lo valor, por isso agarra-se aos conteúdos. Daqui a algum tempinho (aquilo que lhe resta como ministro) poderá fazer as pazes com a informação, quem sabe!!! Quando contratar os novos jornalistas que em breve entrarão no mercado.(risos); Os novos que pode mandar manipular, e colocar a seu serviço”.
“Em todo o caso, desejamos-lhe boa sorte com o seu modelo de negócios da comunicação social – “uma visão claramente empresarial” – Nós continuaremos aqui, com a graça de Deus, na RTC, a assistir a derrocada final do serviço público da comunicação social em Cabo Verde. Uma tragédia da sua autoria. Mas não nos alonguemos mais, porque fogem-lhe os conceitos e neste mar o senhor mal sabe nadar”.
E para finalizar o seu post, a jornalista diz que a ARC (Agência da Regulação da Comunicação) dará devido tratamento à “ameaça” do Ministro.