Maritza Rosabal, Ministra da Educação, diz que livros com erros não serão retirados

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A ministra da Educação, Maritza Rosabal, reafirmou hoje, terça-feira, que os manuais escolares com erros não vão ser retirados, adiantando que os livros continuarão a ser corrigidos através de erratas ou com recurso a autocolantes.

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As declarações da ministra surgem na sequência da deteção de vários erros nos novos manuais de matemática do 1º ciclo, o que está a gerar a indignação dos pais, que exigem a responsabilização do Governo.

Na segunda-feira, a diretora nacional da Educação, Adriana Mendonça, reconheceu, em conferência de imprensa, a existência do que classificou como «gralhas», mas considerou não ser pertinente a retirada dos livros.

Apresentou ainda dados que dão conta da existência de centenas de erros, não apenas nos novos manuais, mas em vários antigos do 2º ao 6º anos.

No mesmo sentido, Maritza Rosabal disse hoje aos jornalistas que os novos manuais são experimentais e para manter até ao final do ano letivo.

«Os materiais ficam até ao próximo ano», disse, explicando que, durante este período, serão recolhidos os contributos e introduzidas as mudanças necessárias para fazer as impressões definitivas entre março e setembro do próximo ano.

«O número de erros detetados neste manual é muito menor do que o número de erros detetados em outros manuais, com a diferença de este ser um material experimental e com o objetivo de recolher contributos para ser melhorado», acrescentou.

Maritza Rosabal falava hoje, na cidade da Praia, à margem da abertura do ano letivo da Universidade de Cabo Verde.

«Temos uma série de manuais que estão em vigor, que foram produzidos anteriormente, que tem imensos erros e que estamos a tratar institucionalmente. Fizemos erratas. Todos os manuais que estavam em vigor tinham graves problemas de conteúdo, de tratamento, de gralhas ortográficas. A equipa assumiu os erros e está a trabalhar com isso», disse.

A ministra assegurou que mantém a confiança em toda a equipa responsável pelos manuais, adiantando que a correção dos erros continuará a ser feita através de erratas, com recurso às novas tecnologias e a soluções como «kits com autocolantes».

«Estamos a trabalhar para melhorar os manuais anteriores e vamos trabalhar para melhorar estes», adiantou.

A ministra sublinhou também a qualidade da abordagem pedagógica dos novos manuais, que permitem, nomeadamente o trabalho com crianças com necessidades educativas especiais.

Maritza Rosabal descartou ainda a responsabilização dos envolvidos na impressão dos manuais com erros.

«Se fossemos responsabilizar por todos os erros nos manuais que estão em vigor teríamos que fazer uma grande sessão de responsabilização. Responsabilizamos quando os erros são propositais, quando são erros de edição, não», disse.

A ministra explicou ainda que não existe há muitos anos coordenação editorial no ministério e que, quando em junho foi lançado um concurso, não apareceu ninguém com perfil e competências para preencher o lugar.

«Estamos a trabalhar com a Universidade de Cabo Verde, que tem um grupo de edição, para nos apoiar, mas o que também temos que fazer é recrutar pessoas que, mesmo que não tenham experiência na área, possamos mandar formar nas grandes editoras. Precisamos dessas competências em Cabo Verde», disse.

O ano letivo 2017/2018 arrancou em Cabo Verde com um novo plano curricular experimental para o ensino básico com a introdução de novos manuais para os 1º, 2º,3º, 4º, 5º e 7º anos de escolaridade, cadernos de exercícios, manuais de professores e CD interativos.

O novo plano, a introduzir gradualmente, prevê um reforço da língua portuguesa, das ciências e da matemática, mas os manuais experimentais de matemática apresentam vários erros, que estão a ser denunciados pelos pais.

Na segunda-feira, a diretora nacional da Educação adiantou que o Ministério da Educação está a fazer a identificação dos erros em todos os manuais e registou, até ao momento 266 erros e sugestões de alteração em manuais de várias disciplinas do 2º ao 6º ano.

Disse ainda que estão a ser produzidas erratas e foram feitas ações de formação destinadas a orientar os professores na forma como ultrapassar estas incorreções.

A língua portuguesa é a disciplina com mais erros assinalados nos vários anos.

Fonte: Lusa