Menina de nove anos morta pelo marido no Afeganistão

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Uma menina de nove anos foi estrangulada até à morte pelo marido. A menor foi oferecida ao homem de 35 anos para pagar uma dívida da família.

A notícia do assassinato foi divulgada um dia depois de a UNICEF ter publicado um relatório sobre o casamento infantil no Afeganistão. O estudo foi feito com o Ministério do Trabalho, Assuntos Sociais, Mártires e Deficientes do Afeganistão.

O assassinato foi confirmado pelo governador Naqibullah Amini.

De acordo com o site e canal de televisão Tolo News, a menina chamava-se Samia e foi “casada” com Sharafuddin, o alegado assassino. 

A menina foi oferecida quando tinha sete anos de idade para pagar uma dívida – conhecida como baad, a tradição de oferecer mulheres ou meninas como pagamento por crimes cometidos por membros da família. 

O governador disse ainda que a menina “era casada há dois anos”, e que o marido “fugiu após o assassinato”.

Amini acrescentou que o pai da menina foi preso por “forçar a filha a casar-se com um homem”.

A Assistência Humanitária às mulheres e crianças do Afeganistão, em declarações do Guardian, revelou mais detalhes do assassinato. 

“O pai da menina alega que foi dada em baad para resolver uma disputa entre eles, mas a verdade é que a menor tinha sete anos quando foi vendida por cerca de 13.500 dólares. Podemos confirmar que isto aconteceu”, disse Hashim Ahmadi, responsável pelo programa da organização.
Relatório da UNICEF
O estudo foi feito em cinco províncias afegãs, em áreas urbanas, semi-urbanas e rurais. E embora o casamento infantil no país tenha caído 10 por cento nos últimos cinco anos, a prática ainda é comum. 

Sob o Código Civil Afegão, a idade legal para o casamento é de 18 anos para rapazes e 16 para raparigas.

Adele Khodr, representante da UNICEF no Afeganistão, elogiou os esforços da organização Girls Not Brides para erradicar o casamento infantil. Mas acrescenta que: “São necessárias mais ações para pôr fim a esta prática e alcançar a meta de acabar com o casamento infantil até 2030”. 
 
Faizullah Zaki, ministro do Trabalho, Assuntos Sociais, Mártires e Deficientes descreveu no relatório da UNICEF que a prática contínua do casamento infantil é “uma violação terrível dos direitos humanos que rouba às crianças a educação, saúde e infância”. 

No relatório os resultados mostraram ainda que a situação de segurança, pobreza, crenças e normas sociais colocam as crianças/meninas em desvantagem.
 
Por: RTP