O ministro da Cultura e das Industriais Criativas afirmou hoje, segunda-feira, que o Governo já não financia o Atlantic Musica Expo (AME-CV), indicando que o evento estava a consumir 1/3 do orçamento de investimento deste ministério.
Abrão Vicente divulgou esta decisão hoje, na Cidade da Praia, à margem da cerimónia da assinatura do programa executivo de intercâmbio cultural entre o ministério da Cultura e das Industriais Criativas de Cabo Verde e de Cuba, ao ser questionado pelos jornalistas, sobre a “saída” do Governo da realização do evento.
“Não é justo que 1/3 do orçamento de investimento do Ministério da Cultura seja localizado apenas num evento de três dias”, disse o governante sublinhando que apesar de ser um evento que projecta a Cidade da Praia e Cabo Verde a nível da mediatização e promoção da cultura, não haverá financiamento para esse investimento no Orçamento do Estado.
O ministro adiantou que para além dos 22 mil contos, cerca de 1/3 do orçamento de investimento do seu ministério, o MCIC tinha de mobilizar cerca de 10 mil contos junto dos privados e parceiros.
“Perante este cenário, e a verba disponibilizada, tínhamos duas alternativas: ou financiamos um evento de três dias transferindo directamente 22 mil contos (sendo 18,500 para a Harmonia e 22,500 para WOMEX) e bloqueávamos aquilo que é o desenvolvimento do programa do Governo nos outros sectores, ou faríamos uma opção estratégica que é empoderar as instituições do ministério”, precisou.
Segundo o ministro, foi uma decisão “bastante difícil”, mas que a partir de agora caberá aos privados assumirem a realização do certame, assegurando que o Governo está disponível para mobilizar recursos junto dos parceiros.
Numa nota de imprensa, enviada na última quarta-feira, o Governo anunciou que o Estado já cumpriu o seu papel para a concretização de um mercado da música em Cabo Verde.
No documento, O MCIC adiantou que vai anunciar no início do ano 2018, um novo projecto no sector da música como parte de uma política pública de incentivo e promoção à música, que visa promover, de forma mais efectiva e pragmática, a partir do Estado, a música de Cabo Verde e, sobretudo, que dê mais oportunidade aos músicos cabo-verdianos.
Em relação ao relatório da Inspecção Geral das Finanças sobre o Banco da Cultura, avançou que estão à espera da concretização do processo judicial e de investigação, sendo que a mesma já se encontra no Ministério Público.
“O estudo revelou que para a realização do estudo estratégico da concretização do Atlantic Music Expo (AME-CV), foi investido mais de 92 mil contos e que não foram entregues nenhuns documentos que comprovam o investimento”, acrescentou.
O AME-CV é uma feira mundial da música, onde profissionais da música, ‘managers’, produtores, jornalistas, empresários, directores de salas e de festivais, agentes, ‘bookers’, distribuidores, videastas, fotógrafos, fabricantes de instrumentos, equipamentos e acessórios diversos, de todo o mundo, expõem os seus produtos e reflectem sobre a sua área de actividade.
O evento, promovido pelo MCIC, tem sido também palco de amostras de CD, DVD e ‘flyers’, e para demonstração de instrumentos e equipamentos musicais, de conferências, ‘workshops’, ateliês, formação, palestras, debates, sem esquecer os ‘showcases’ e concertos para o público profissional.
As edições do AME-CV antecedem a realização do Kriol Jazz Festival, tendo a primeira tido lugar entre 08 e 10 de Abril de 2013, na capital do país.
A V edição Atlantic Music Expo (AME-CV) foi realizada em Abril de 2017, na Cidade da Praia.
Fonte: Inforpress