Uma bebida por dia aumenta a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma das 23 condições associadas ao consumo de álcool. A conclusão é de um estudo publicado na quinta-feira, que relacionou a ingestão de álcool com o número de mortes e doenças registadas em 195 países.
Contrariamente ao que se veio a dizer ao longo dos anos, um copo de vinho por dia poderá não ser tão benéfico para a saúde como se pensava.
Até hoje, vários estudos demonstravam que beber uma ou duas bebidas alcoólicas por dia diminuía o risco de doenças cardíacas, mas um estudo publicado na revista Lancet provou que quem quer reduzir os riscos de saúde deve evitar consumir bebidas alcoólicas diariamente.
Para chegarem a essa conclusão, um grupo de investigadores de várias nacionalidades estudou o consumo de álcool em 195 países, entre 1990 e 2016. Analisaram 694 estudos para perceberem a recorrência do consumo de álcool e 592 estudos por forma a associarem os riscos de saúde à bebida.
De acordo com a investigação, em 2016 registaram-se 2,4 mil milhões de pessoas que consumiam álcool numa base diária. No mesmo ano, 2,8 milhões de pessoas morreram devido a esse consumo.
“Globalmente, o álcool foi classificado como o sétimo fator de risco para mortes prematuras e doenças em 2016, com 2,2 por cento das mortes atribuídas às mulheres e 6,8 por cento aos homens”, lê-se no estudo.
O álcool demonstrou ser o principal fator de risco na população entre os 15 e os 49 anos a nível mundial. Segundo a investigação, 3,8% das mortes femininas e 12,2% das mortes masculinas decorreram em circunstâncias relacionadas com o consumo diário de álcool. As três principais causas atribuídas a estas mortes foram a tuberculose (1,4 por cento), acidentes de viação (1,2 por cento) e automutilação.
Já na população acima dos 50 anos verificou-se que a maior parte das mortes por cancro estavam relacionadas com o consumo diário de álcool, registando-se a morte de 27,1 por cento das mulheres e 18,9 por cento dos homens.
Quem bebe mais?
No estudo fica claro que, o facto de um país registar uma percentagem de consumo alta, tal não significa que o número de bebidas consumidas diariamente seja maior.
Por exemplo, a Dinamarca é dos países que regista um maior consumo de álcool, com uma percentagem de 97,1 por cento para os homens e 95,3 por cento para as mulheres.
No entanto, quando olhamos para os países onde se consomem mais bebidas alcoólicas por dia, a Dinamarca não se consegue qualificar entre os três primeiros países que mais bebem.
Na Roménia, os homens bebem, em média, mais de oito bebidas por dia, enquanto que em Portugal e no Luxemburgo têm por hábito beber mais de sete bebidas. De acordo com o estudo, os homens dinamarqueses bebem mais de três bebidas diariamente.
Do lado das mulheres, as ucranianas bebem mais de quatro bebidas alcoólicas por dia. Já as mulheres de Andorra, do Luxemburgo e da Bielorrússia consomem diariamente três bebidas.
Governos devem estar atentos a consumo
Beber uma bebida por dia aumenta em 0,5 por cento a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma das 23 condições associadas ao consumo de álcool. Um risco “pequeno”, de acordo com Emmanuela Gadikou, professora de saúde global na Universidade de Washington e uma das principais autoras deste estudo.
No entanto, ao Washington Post, Gadikou explicou como é que este risco “pequeno” se pode agravar quando se passa a consumir mais do que uma bebida alcoólica por dia. Com duas bebidas por dia, o risco passa a ser de sete por cento; com três bebidas, o risco sobe para 37 por cento.
No final do estudo é sugerido que os Governos estejam atentos ao consumo de álcool da população. São sugeridas medidas para que seja reduzido o consumo nos seus países, nomeadamente através da aplicação de “impostos sobre o álcool, o controlo do número de bebidas disponíveis e horas de venda e o controlo da publicidade”.
Por: RTP






