O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, afirma que o país precisa do “suporte” do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao nível das políticas económicas, para poder “convencer a comunidade internacional” e os investidores.

“Essa cooperação cada vez mais estreita com o FMI é um ativo muito importante para Cabo Verde. Foi no passado e continuará a ser também no futuro”, afirmou Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, questionado pela Lusa sobre a missão do Fundo ao arquipélago, em curso até quinta-feira.

O Governo cabo-verdiano pretende discutir com o FMI um novo programa de “reformas económicas estruturais” no arquipélago, indicou anteriormente fonte do executivo.

O FMI concluiu em janeiro de 2021 o apoio técnico a Cabo Verde através do Instrumento de Coordenação de Políticas (PCI, na sigla em inglês), iniciado em 15 de julho de 2019 e que visou apoiar as reformas em curso no Estado, nomeadamente ao nível do sistema fiscal e privatizações, execução condicionada pela pandemia de covid-19.

“Nós sempre tivemos o concurso do FMI com programas PCI ao longo dos últimos anos. Tivemos no passado programas do Fundo com financiamento e nós estamos a trabalhar porque precisámos do suporte do FMI para que possamos ter políticas macroeconómicas saudáveis, perenes, para que possamos convencer a comunidade internacional, mas também os administradores privados nacionais e estrangeiros”, disse ainda Olavo Correia, questionado pela Lusa.

De acordo com fonte do Governo, uma missão do FMI iniciou em 16 de março o acompanhamento da economia cabo-verdiana, a qual vai decorrer até 24 de março, para, também, “traçar as principais linhas do novo programa”.

“Esta missão tem por objetivo discutir sobre um novo programa de reformas económicas que o Governo de Cabo Verde quer negociar com o FMI”, afirmou a mesma fonte governamental.

Acrescentou que “à semelhança do programa assinado em 2019” com o FMI — de apoio técnico, sem envelope financeiro -, “o Governo de Cabo Verde quer continuar a implementar importantes reformas estruturais, possibilitando um ambiente macroeconómico estável e favorável ao investimento, crescimento e sustentabilidade das finanças públicas”.

“Além dos desafios já existentes, no momento, é necessário fazer uma avaliação do impacto da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, na economia cabo-verdiana”, sustentou igualmente, referindo que ao longo dos próximos dias serão apresentadas as discussões sobre as políticas monetária e orçamental, em relação aos resultados de 2021 e implicações para 2022.

O objetivo, refere o Governo, é a “preparação do país para a retoma, assente num crescimento sustentável”: “Pelo que o suporte dos nossos parceiros de desenvolvimento tem sido importante, e é hoje ainda mais crucial para a implementação da agenda deste Governo”.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido 7,2% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.

Por: Lusa