PAICV diz que jornalistas foram “humilhados e desrespeitados” publicamente por altos dirigentes do MpD

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O maior partido da oposição revelou nesta segunda-feira que condena a forma “humilhante e desrespeitosa” como os jornalistas cabo-verdianos foram publicamente “insultados” por altos dirigentes do MpD e pelo Governo.

Em conferência de imprensa na Cidade da Praia, Walter Évora, porta-voz da Comissão Política Nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) disse que os recentes “ataques violentos” que os jornalistas cabo-verdianos e a sua associação sofreram por parte do Movimento para a Democracia (poder), mereceram também atenção dos membros da CP desta força política.

Na perspectiva do PAICV, os ataques aos profissionais da comunicação social é “um ataque à própria democracia cabo-verdiana”.

Para o PAICV, apesar de todas as dificuldades, os jornalistas têm conseguido manter o país “bem informado” daquilo que acontece aqui e lá fora.

Walter Évora garante que o seu partido se compromete em continuar a trabalhar para serem criadas as condições institucionais, materiais e financeiras para o “livre exercício” do jornalismo em Cabo Verde.

Segundo ele, as recentes declarações da presidente da Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-Verdianos (AJOC), segundo as quais a “liberdade efectiva e respeito pelos profissionais da comunicação social é algo que não temos neste momento em Cabo Verde”, devem merecer a “máxima atenção das autoridades cabo-verdianas”.

A Comissão Política do PAICV, reunida nesta segunda-feira, 07, na Cidade da Praia, analisou também os dados do recente estudo da Afrobarómetro sobre a qualidade da democracia e da governação em Cabo Verde.

A este respeito, o porta-voz Walter Évora entende que os dados relativos à situação económica do país vêm confirmar aquilo que o seu partido vem denunciando nos últimos meses, ou seja, que o país não vai bem em termos de economia.

“Este estudo mostra que a maioria dos cabo-verdianos não está de acordo com as medidas de política deste Governo, como por exemplo a isenção de vistos aos cidadãos da União Europeia”, sublinhou o dirigente da oposição, para quem o próprio promotor desta medida “não está convicto da sua eficácia, uma vez que continua a adiar a sua implementação”.

De acordo com o estudo da Afrosondagem, cerca de 80% (por cento) dos cabo-verdianos se mostra pouco ou nada satisfeito com o funcionamento da democracia no país.

Para o PAICV, esta “degradação” está relacionada com a forma “autoritária e pouco dialogante” como o poder é actualmente exercido em Cabo Verde.

Walter Évora cita um conjunto de acontecimentos registados no país que não abona a favor da democracia, nomeadamente o incidente com a Mesa da Assembleia Nacional, a questão da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a transportadora aérea nacional, TACV, que foi inviabilizada pela maioria do Movimento para a Democracia, assim como pedidos de informações sobre “dossiês importantes” da governação que “foram sonegadas à oposição”.

Deixou ainda transparecer que a população está “desapontada” face às grandes expectativas criadas nas últimas campanhas eleitorais, a quem foi vendida uma “grande ilusão”.

Por: Inforpress