Parlamento: Governo reitera prioridade em reduzir dependência do país de combustíveis fósseis

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O primeiro-ministro reiterou hoje no parlamento que uma das “grandes prioridades” do seu Governo no domínio da transição energética é reduzir a dependência do país da dependência de combustíveis fósseis e “atingir a neutralidade carbónica”.

Segundo Ulisses Correia e Silva, uma das estratégias do Governo no sector da água e resiliência no domínio agrário é “reduzir a dependência do país das chuvas e adaptar os sistemas produtivos” na área da agricultura e pecuária às novas condições agro-ecológicas.

O chefe do Governo fez essas considerações no debate mensal no parlamento com o primeiro-ministro, agendado a pedido da bancada parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder).

Defendeu, por outro lado, uma estratégia de desenvolvimento rural assente na “diversificação da actividade económica” nos municípios rurais e na “transformação das cidades e localidades rurais em lugares para viver, visitar e investir”.

“Na transição energética, pretendemos  atingir a neutralidade carbónica prevista no Acordo de Paris, com metas de 50% (por cento) renováveis em 2030 e 100% em 2040 e 100% de veículos eléctricos até 2050, precisou o primeiro-ministro, acrescentando que o país tem estado a implementar uma “estratégia de transição energética” para atingir as referidas metas, por razões que se prendem com a economia e o ambiente.

Explicou que o país, pela sua localização geográfica, é  o “prolongamento do Sahel no Atlântico” e, por conseguinte, “fortemente confrontado com a aridez climática”.

O Governo, prosseguiu Correia e Silva,  tem uma agenda e uma estratégia de médio e longo prazo para aumentar a resiliência  do país e a adaptação face aos  choques externos e às mudanças climáticas, alinhada com os “grandes compromissos e parcerias internacionais, como a Agenda Global 2030, a Agenda 2063 da União Africana, a Samoa Pathway dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e o Acordo Climático de Paris.

Lembrou que Cabo Verde faz parte do grupo dos países “mais vulneráveis às mudanças climáticas” e, à semelhança de outros pequenos estados insulares,  enfrenta “sérios desafios de adaptação, associados à disponibilidade de recursos hídricos, segurança energética e processos de desertificação”.

Para o primeiro-ministro, a agricultura consome 70% dos recursos hídricos, sendo o sector de “maior pressão” sobre a demanda de água e, ao mesmo tempo, o “mais afectado pela sua escassez e pelas mudanças climáticas”.

Na sua perspectiva, o país tem que ser menos dependente das chuvas, através de implementação de “programas coerentes e complementares capazes de reforçar a resiliência e fomentar o sector agrário”.

Assim, propõe aumentar a produção da água potável dessalinizada do mar para o consumo humano e dessalinização da água salobra para a agricultura e massificação do uso das energias renováveis na produção de água para actividades agrícolas.

Apontou, ainda, como estratégia o “aumento significativo” da reutilização das águas residuais na agricultura e a massificação do uso de rega gota-a-gota.

Na perspectiva de Ulisses Correia e Silva, o Governo tem adoptado medidas com vista a investimentos para desenvolver o empreendedorismo no mundo rural, “modernizar a produção” e criar cadeias de valor de determinados produtos e certificar a qualidade dos mesmos.

Prometeu  aumentar o investimento na investigação agrária assim como a revisão do regime jurídico dos bens do domínio público marítimo do Estado.

Por: Inforpress