Um estudo apresentado em Lisboa, durante a conferência “Imigração e escolaridade”, revelou que em 2019/2020 existiam em Portugal 9.913 alunos com ascendência cabo-verdiana nos ensinos básico e secundário, menos 3.745 do que em 2012/2013.

A conferência “Imigração e escolaridade”, organizada pelo Observatório das Desigualdades, teve como mote o lançamento do livro “Atlas dos alunos de origem imigrante: quem são e onde estão nos ensinos básico e secundário em Portugal”, resultado do estudo assinado por Teresa Seabra, Ana Filipa Cândido e Inês Tavares.

“Em 2019/2020 existiam 9.913 alunos com ascendência cabo-verdiana, menos 3.745 do que em 2012/2013. A maioria dos alunos são de primeira geração (62,2 %) (…). 40,7 % dos alunos são lusodescendentes, menos 17,1 pontos percentuais (p.p.) do que em 2012/2013”, indicou o resultado.

O estudo revelou ainda que a escolaridade familiar dominante dos alunos com origem cabo-verdiana é menor que a dos alunos autóctones, ou seja, os primeiros têm 27,9 % com o ensino secundário e 10,7 % com o ensino superior, enquanto os segundos têm 30,4 % e 34,2 %, respectivamente.

“É mais elevada a proporção de alunos de origem cabo-verdiana que recorre ao apoio económico da ASE [Acção Social Escolar] (54,0 %) em relação aos seus pares autóctones (29,9 %)”, apontou.

Por outro lado, ficou-se a saber que os concelhos onde existem mais alunos de origem cabo-verdiana são Sintra (22,1 %), Amadora (18,0 %) e Lisboa (7,5 %), seguidos de Almada, Seixal, Loures, Oeiras, Cascais, Barreiro e Moita.

O estudo observou, também, que o universo dos alunos de origem cabo-verdiana diminui quando analisada a sua geração, devido aos dados omissos na naturalidade do aluno, sendo que os dados omissos correspondem a 6,8 % em 2019/2020 e a 0,8 % em 2012/2013.

Entre as origens da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mostrou que em 2019/2020 existiam 21.830 alunos com ascendência angolana, 44.962 com ascendência brasileira, 5.071 com ascendência guineense, 6.296 com ascendência moçambicana e 3.693 alunos com ascendência santomense.

No estudo, juntamente com Cabo Verde, Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, também Alemanha, Reino Unido, China, Espanha, França, Índia, Moldávia, Nepal, Roménia, África do Sul, Ucrânia e Venezuela aparecem como as origens nacionais mais representadas nos ensinos básicos e secundário em Portugal durante esse período.

A conferência “Imigração e Escolaridade” contou com a participação da vogal do Conselho Directivo da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), Sónia Pereira.

A conferência contou com dois painéis, sendo um de apresentação dos principais resultados do “Atlas dos alunos de origem imigrante: quem são e onde estão nos ensinos básico e secundário em Portugal”, e outro de discussão dos mesmos numa mesa redonda composta por especialistas da área das migrações.

Por: Inforpress