O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) acusou nesta quarta-feira o Governo de estar a preparar o desaparecimento da companhia área TACV quando, em campanha, o partido agora no poder “revelou-se portador das soluções”.

Em conferência de imprensa na cidade do Mindelo para reagir às medidas anunciadas pelo Governo em relação à TACV, António Monteiro disse estranhar que o executivo não assuma “de forma clara“, nem o número de trabalhadores que deverá ser dispensado, nem o montante que vai despender para as indemnizações.
“Há só blá-blá para fugir à realidade nua e crua que é preparar o desaparecimento da empresa que vai completar 60 anos”, sentenciou o líder da UCID.
Ademais, Monteiro disse estranhar a medida de suspensão das operações domésticas, a partir de 01 de Agosto, um “erro crasso”, pois, sustentou, com esta medida o Governo decidiu “retirar o monopólio ao Estado” para passar a um privado.
“Não é este o caminho, mesmo que venha dizer que está a negociar 49% da companhia Binter, pois passar o monópolio a um privado vai acarretar situações que o país não poderá controlar”, lançou o político, que trouxe à colação o exemplo da empresa Electra, nacionalizada num momento posterior, após a privatização.
António Monteiro encontra ainda alegada pressão de organismo internacionais como o Banco Mundial que estarão na origem das medidas anunciadas pelo Governo.
“Ao querer responder satisfatoriamente à pressão do Banco Mundial sobre o empréstimo dos 90 milhões de dólares nos próximos três anos, em que esta instituição impõe esta condição, o Governo resolve correr para a resolução deste problema”, lançou Monteiro, não se coibindo o executivo, precisou, de colocar os cabo-verdianos no risco de amanhã terem um monopólio privado nos transportes aéreos, que poderá “sair muito mais caro” do que é hoje.
Por outro lado, o líder da UCID disse estar em poder de elementos que indicam que o “grande calcanhar de Aquiles” da TACV são as rotas internacionais, pelo deveria o executivo optar por cessar àquelas e trabalhar internamente para encontrar as melhores soluções para as ligações inter-ilhas.
“Não estamos de acordo com a solução apresentada, pois o Governo deveria manter a situação actual com duas companhias”, lançou António Monteiro, que precisou que reduzir custos na empresa passa por cessar as rotas internacionais, “injectar o valor necessário” para a que TACV passasse a fazer uma gestão profissional e ultrapassar os “vários erros de gestão” cometidos.
“O PAICV fez uma péssima gestão dos TACV, mas o MpD está lá há um ano e não é verdade que o Governo tem estado a investir os valores anunciados na TACV, pois ainda não meteu um único centavo desde que o MpD é poder”, concluiu.
Fonte: Inforpress