O deputado Rui Semedo foi eleito ontem novo presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) com 99% dos votos favoráveis, em eleições diretas com mais de 40% de participação, em que era candidato único.
Os dados foram avançados em conferência de imprensa, na sede do partido na cidade da Praia, pelo próprio Rui Semedo, que considerou “boa” a participação de mais de 40% dos cerca de 35 mil militantes que foram às urnas durante o dia de ontem, no país e na diáspora.
Mesmo ainda sem o apuramento total dos resultados na noite de ontem, o candidato eleito disse que dos que foram recolhidos houve uma “votação massiva”, com 99% dos eleitores a dizer sim à sua candidatura, enquanto 1% disse não, votou nulo ou em branco.
“Há uma expressão clara da vontade de atribuir à nossa candidatura um apoio amplo, para avançar com o projeto de ter um PAICV ainda maior, a desempenhar o seu papel neste contexto de grandes desafios para o país e também para o mundo”, avaliou.
Depois da eleição, Rui Semedo disse que o desafio é levar o PAICV “ainda mais longe”, desempenhando “de forma convicta” o seu papel de oposição democrática, contribuindo com propostas alternativas para o melhor desempenho da governação do país, mas também fiscalizando e controlando a ação governativa.
“Neste momento, temos este desafio de garantir uma maior transparência, uma racionalização dos recursos neste contexto de crise e que sejam construídas propostas alternativas de governação do país”, prosseguiu, pretendendo igualmente “afinar” o partido e preparar alternativas para o futuro.
Questionado se com isso quer dizer que não vai tentar um segundo mandato em 2024 para concorrer ao cargo de primeiro-ministro nas eleições legislativas de 2026, Rui Semedo respondeu que nada está decidido, garantido apenas que está “disponível para tudo”.
“Estou disponível para cumprir este mandato, para me submeter à avaliação dos cabo-verdianos, para me submeter à avaliação dos militantes e fazer uma autoavaliação e tomar a melhor decisão, a mais adequada, naquele contexto concreto”, respondeu.
Por outro lado, garantiu que vai continuar também a exercer o cargo de deputado nacional, pelo círculo eleitoral de Santiago Sul, explicando que o parlamento é um dos melhores palcos da atuação dos líderes político-partidários.
“Seria uma má aposta abdicar-me da função parlamentar, da política a nível do parlamento para ficar exclusivamente no partido. Acho que tenho condições de desempenhar essas duas funções”, admitiu, considerando que é um “casamento muito bom” que permite ao líder poder confrontar as ideias dos outros e as duas ideias no parlamento e constituir-se enquanto alternativa.
Rui Semedo, que era vice-presidente, vinha exercendo a liderança interinamente, depois da demissão de Janira Hopffer Almada, após a derrota do partido nas eleições legislativas de 18 de abril, nas quais o Movimento para a Democracia (MpD) renovou a maioria absoluta.
Semedo já foi também líder parlamentar do PAICV e antigo ministro da Defesa e dos Assuntos Parlamentares no Governo do PAICV e é agora o sexto presidente do partido, depois de Janira Hopffer Almada, Aristides Pereira, Pedro Pires, Aristides Lima e José Maria Neves.
Depois das eleições, o maior partido da oposição cabo-verdiana vai realizar o seu Congresso Nacional entre 28 e 30 de janeiro de 2022, altura em que vai o novo presidente vai apresentar a nova direção do PAICV.
Por: Lusa