Cabo Verde mantém a 25ª posição no ‘ranking’ mundial da Liberdade de Imprensa 2020, revelou hoje o Repórteres Sem Fronteiras (RSF) que indicou que o País obteve +0,34 pontos a nível global em relação a 2019.
De acordo com o índice que classifica a liberdade de imprensa no mundo e avalia 180 países, Cabo Verde distinguiu-se pela “ausência de ataques contra jornalistas e uma grande liberdade de imprensa”, garantida pela Constituição e o último processo por difamação foi em 2002.
O documento refere que o panorama midiático é dominado pelos veículos de comunicação estatais, cujos funcionários são nomeados directamente pelo Governo, incluindo o principal canal de televisão TCV e a Rádio Nacional de Cabo Verde. Destaca ainda que o seu conteúdo não seja controlado, a prática da autocensura permanece difundida.
Além disso, lê-se no relatório, a Radiotelevisão Caboverdiana (RTC) “quer impor aos seus jornalistas um código de ética e conduta”, incluindo “várias cláusulas que limitam a liberdade de expressão dos jornalistas nas redes sociais”.
O mesmo documento aponta que o desenvolvimento dos meios de comunicação privados “é limitado por um mercado publicitário restrito e pela ausência de subsídios para os operadores de audiovisual”. Também defendeu que “a geografia do arquipélago dificulta a distribuição da mídia impressa e a difusão das mídias em todas as dez ilhas”.
Cabo Verde ocupa o segundo no continente africano atrás de Namíbia com a 23ª posição. Segue-se depois o Gana no 30º posto e a África do Sul na 31ª posição. A Eritreia no 178º lugar continua a ser o pior no ‘ranking’ de liberdade de imprensa na África.
Entre os países lusófonos, Guiné-Bissau, Brasil e Moçambique registaram piores resultados do que na avaliação anterior, enquanto Portugal, Timor-Leste e Angola melhoraram e Cabo Verde e Guiné Equatorial mantiveram as posições do índice anterior.
A Guiné Equatorial situou-se no 165º devido ao “controlo total dos media” pelo Governo, à “censura generalizada”, e ainda à “detenção de dois jornalistas por terem realizado uma entrevista”.
A Guiné-Bissau, que este ano surge no 94.º lugar, caiu cinco posições. Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) consideram que “o impasse político” que se vive no país tem sido “um obstáculo à liberdade de imprensa”.
O índice regista ainda a queda de dois lugares do Brasil, que passou do lugar 105.º para 107.º, e de uma posição de Moçambique (do 103.º para o 104.º). Os RSF consideram que o Brasil permanece um país “particularmente violento” para a imprensa.
“O Presidente Bolsonaro, os seus próximos e vários membros do governo insultam e humilham regularmente alguns dos mais importantes jornalistas e media do país, promovendo um clima de ódio e desprezo pelo jornalismo”, adianta a organização.
Em Moçambique, os RSF também denunciam “fortes pressões” e “agressões frequentes” a jornalistas independentes. Timor-Leste subiu seis posições no índice, passando da 84 para a 78, Angola subiu três posições na classificação, passando da 109 para a 106.
Portugal melhorou também a sua avaliação, passando da posição 12 para a 10 num total de 180 países. O relatório não faz menção ao São Tomé e Príncipe.
A nível geral, Noruega é o primeiro do ‘ranking’ a nível mundial, seguida da Finlândia (2ª) e da Dinamarca (3ª), que subiu dois pontos, e pela Suécia (4ª), que desceu um ponto. O último da lista é o Correia do Norte, que ocupa 180ª posição.
O relatório destaca ainda que muitos países aproveitaram a pandemia da covid-19 para implementar medidas restritivas à liberdade imprensa caso do Iraque que ocupa a posição 162, onde a agência de notícias Reuters teve sua licença suspensa por três meses por ter publicado uma notícia a questionar os números oficiais dos casos de coronavírus.
No mesmo documento lê-se também que os regimes autoritários ocupam as últimas posições no ‘ranking’ mundial da Liberdade de Imprensa e que a crise do coronavírus evidenciam os efeitos negativos das práticas de censura adoptadas pelo regime chinês para o mundo inteiro.
Por exemplo, apontou a China, a Arábia Saudita (170) e o Egipto (166) como “as maiores prisões do mundo para jornalistas” enquanto “a Rússia (149) emprega meios cada vez mais sofisticados para controlar as informações na Internet, e a Índia (142) impôs à Caxemira o toque de recolher electrónico mais longo da história”.
Por: Inforpress