Quase todos os produtores do grogue em Santo Antão têm já concluído o processo de fabrico da aguardente referente à safra de 2017, quando faltam pouco mais de duas semanas para a selagem dos alambiques.
Em Ribeira da Cruz, no interior do município do Porto Novo, zona conhecida pelo grogue de “boa qualidade” que produz, os produtores confirmam que toda a produção da aguardente foi concluída há já algum tempo, estando já a pensar na próxima safra, que se inicia dentro de seis meses.
A Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) procede, a partir de Agosto, à selagem dos alambiques, medida que, segundo um técnico desta instituição na ilha, além de ser imposta pela lei, visa, sobretudo, a preservação e valorização do grogue de cana sacarina.
Em 2016, houve denuncias de que alguns agricultores terão continuado a produzir o grogue mesmo depois do período legalmente estabelecido, situação que os produtores não querem ver repetida este ano, em nome da preservação do grogue genuíno de Santo Antão.
Entre Agosto e Dezembro, regista-se em Santo Antão a escassez da cana de açúcar em condições para garantir a produção do grogue genuíno, daí o facto de os produtores encararem com a “naturalidade” a selagem dos trapiches.
A safra de 2017 em Santo Antão, segundo os produtores do grogue, foi marcada pela “deficiente” fiscalização, situação que, a seu ver, terá favorecido a utilização do açúcar refinado e de outros produtos proibidos no fabrico da aguardente.
Durante a sua visita a Santo Antão, em finais de Junho, o primeiro-ministro foi confrontado com essa preocupação, que foi levantada tanto pelos produtores e como, também, pelos autarcas.
“A nossa mensagem é clara. A lei é para cumprir. Se existe alguma situação de incumprimento da lei ou se há falta de aplicação da legislação sobre a matéria, vamos ter que alterar esse quadro”, prometeu, na ocasião, o chefe do Governo, para que “o bom grogue que se produz em Santo deve ser salvaguardado”.
Fonte: Inforpress