O Comandante Regional da Protecção Civil em Santiago Norte classificou de “falsas, infundadas e irresponsáveis” as declarações do Comandante dos Bombeiros Municipais da Praia em relação ao acidente que causou a morte de oito militares em Serra Malagueta.
Refira-se que Carlos Teixeira afirmou hoje que o acidente teve como um dos motivos principais o “cansaço e a fome”, descartando a falha mecânica como um dos factores.
“Pela posição que o comandante tem, não devia fazer tais afirmações que não são verdades. Está a tentar pôr em causa todo o trabalho de todas as equipas que estiveram no terreno, um trabalho de 56 horas interruptas”, disse Amaro Varela, em conferência de imprensa.
Segundo explicou, o segundo contingente militar, que sofreu o acidente, foi fazer o reforço e rendição do primeiro contingente que chegou à Figueira das Naus na madrugada de domingo.
“O segundo contingente chegou à Figueira das Naus às 14h50. Às 14h55 fizeram o primeiro lanche que era sandes, iogurte e uma sopa. Pelas 15h00, o oficial de operações do comando da terceira região militar chegou, onde depois foi dado, por contingente, um almoço. Uma salada fria com grão-de-bico, fiambre de lata, arroz, mobilizado pela Câmara Municipal de Santa Catarina”, explicou.
Pelas 16h00, disse, teve início a partida em direcção à cidade da Praia no Comando da terceira região militar do primeiro contingente e que, mesmo a partir das 16h00, o oficial de operações do comando da terceira região militar fez escolta do segundo contingente militar.
“O segundo contingente militar foi pedido pelo presidente substituto da Câmara Municipal de Tarrafal para reforçar a operação que tínhamos continuado, porque o incêndio ainda não tinha sido controlado. Quando fizeram a escolta da Figueira das Naus para colocar a equipa de prontidão e de vigilância na localidade de Ribeira das Pratas, usaram o trajecto de Serra Malagueta, onde pelas 17h25 acabaram por sofrer o fatídico e grave acidente de viação”, continuou.
Para Amaro Varela, o comandante dos bombeiros da Praia “foi muito irresponsável, muito imprudente”, uma vez que já foi instaurado um processo inquérito para averiguar as causas do acidente.
“Também para dizer que o condutor do veículo que teve acidente não trabalha. O segundo contingente não chegou a fazer nenhum tipo de operações porque chegaram de tarde para fazer a rendição e saíram às 16h00, com destino a Ribeira das Pratas, para fazer o início das suas missões. Não chegaram a fazer o trabalho, por isso não estavam cansados. Foram bem alimentados, não estavam com fome”, frisou.
Por isso, apelou ao comandante dos bombeiros da Praia “que seja um homem mais responsável”, que respeite o trabalho que foi feito, por ter sido de equipa e muito cansativo.
“Eu, enquanto comandante regional, em 56 horas de trabalho, tive apenas 3 horas de descanso”, elucidou.
Foram oito o número de militares mortos na sequência do acidente que aconteceu na tarde de sábado, 02, na estrada de Guindon, envolvendo um camião da instituição castrense que transportava reforços para ajudar no combate ao incêndio em Serra Malagueta.
Segundo informações passadas por fontes militares, três são de São Vicente (sendo um com familiares a residir na ilha do Sal), três de Santo Antão e dois da ilha de Santiago.
O País cumpre hoje o segundo dia de luto nacional decretado pelo Governo em memória aos militares e a um técnico do Ministério da Agricultura e Ambiente que também morreu durante o combate a incêndio florestal na Serra Malagueta.
Por: Inforpress