Nos últimos anos, têm sido frequentes os acidentes envolvendo navios nos mares de Cabo Verde.
O Jornalista da Radio de Cabo Verde, Benvindo Neves, traz-nos um histórico de encalhes e afundamentos de embarcações registados desde 2008 no país.
Os números são impressionantes: numa retrospectiva dos últimos 07 anos, rapidamente identificamos pelo menos a perda de 07 navios da marinha mercante nos mares de Cabo Verde. São casos de afundamento, encalhe e até choque entre navios.
Recuemos então até 2008. Na madrugada de 02 de Abril desse ano, o emblemático navio Barlavento encalha na Baixa de Pescadeiro na costa da ilha do Fogo. Passavam poucos minutos das 23 horas. Além de muita carga, o navio levava 11 passageiros e 15 tripulantes. Todos foram resgatados cerca de 05 horas após o encalhe. O Navio, à data pertencente à companhia Polar, afundou-se depois.
Um mês depois, novo azar a bater às portas da companhia Polar. Na noite de 06 de Maio, estamos ainda em 2008, o navio Musteru afunda-se ao largo da costa da Ilha de Santiago, nas proximidades da zona piscatória de Porto Mosquito. Musteru tinha zarpado do Porto da Praia poucas horas antes, em direcção à Ilha do Fogo. As 109 pessoas que estavam a bordo da embarcação foram todas salvas, numa operação em que foi importantíssima a acção de pescadores da comunidade de Porto Mosquito, que depressa socorreram os passageiros nos seus botes. O mau tempo esteve na base do naufrágio.
De 2008 avancemos no calendário até 2012: a 09 de Setembro o navio Terry 3, com bandeira do Panamá, encalha ao largo da Praia de Francisca, na ilha de Santa Luzia quando se dirigia para São Vicente. Não se conseguiu recuperar o cargueiro.
Outubro de 2013: na madrugada do dia 31 de Outubro o navio Sal Rei, da companhia STM Lines, encalha junto ao Ilhéu de Santa Maria, depois de ter sido abalroado pelo Petroleiro Cipreia. O choque aconteceu em plena manobra de entrada no Porto da Praia. O Navio vinha, também, da Ilha do Fogo. Sal Rei tinha a bordo quinze tripulantes, e cinco passageiros, entre eles uma criança, e cerca de vinte toneladas de carga. Até hoje nunca se conseguiu recuperar a embarcação.
Em 2014, mais dois encalhes: a 05 de Junho, o navio Pentalina-B encalhou em Moia-Moia, região do Concelho de São Domingos, Ilha de Santiago. Era por volta das 02 da madrugada, o barco vinha da Ilha do Sal com 85 passageiros, 69 adultos e 16 crianças. Todos foram salvos. Não se conseguiu desencalhar o navio que jaze há 7 meses na encosta de Moia-Moia.
Dois meses depois, a 03 de Agosto do ano passado, novo encalhe, seguido de afundamento. O navio John Miller, propriedade da Enacol, afundou-se no Porto de Sal Rei, na Boa Vista, quando se preparava para fazer uma descarga de combustível e gás na ilha. A tripulação salvou-se. Mas houve registo de danos ambientais por causa do combustível que o navio transportava.
Podemos acrescentar o caso do navio Tarrafal, que ainda assim tem contornos diferentes. Foi a 31 de Maio do ano passado. Devido a uma avaria, o navio encontrava-se fundeado havia algum tempo no largo do Porto Grande em São Vicente… No dia 31 de Maio foi levado pela maré e encalhou junto à Praia da Galé. Só que neste caso, a embarcação teve final feliz: dias depois conseguiu-se desencalhar a embarcação, mas o navio jamais operou nas águas de Cabo Verde.
E, finalmente… na noite de ontem, 08 de Janeiro, é a vez do navio Vicente afundar-se nas proximidades do Porto de Barca Baleeira, na Ilha do Fogo. O navio tinha partido do Porto da Praia com 18 tripulantes e 08 passageiros. As operações de resgate continuam, mas para já é mais um episódio para as impressionantes estatísticas dos encalhes e afundamentos nos de navios nos mares de Cabo Verde nos últimos anos .
Em escasso 07 anos, conta-se o encalhe e/ou afundamento de, pelo menos, 08 navios nos mares de Cabo Verde. Uma média de mais de 1 navio por ano.
Não integramos neste apontamento o caso do navio de carga Roterdão pois, esse continua sendo um mistério. Só se sabe que a embarcação, com 06 tripulantes, desapareceu em Setembro de 2013 quando fazia a ligação entre Praia e Boa Vista. Nunca mais se soube do seu paradeiro.
Benvindo Neves